sexta-feira, 30 de junho de 2006

E depois?...


De manhã, depois de ir por a L a casa da avó e de chamar os nomes mais ofensivos que conheço a meia dúzia de gajos que conduzem e enviam mensagens do telemóvel ao mesmo tempo, de chegar ao mesmo emprego e ver os mesmos assuntos, de ficar irritada com as mesmas pessoas, recebo um mail de uma amiga que perdeu há meses um sobrinho adolescente. As partes do texto que aqui vos deixo foram escritas pela mãe do rapaz, que também conheço, a quem fizeram a pergunta o que sentes:

“Perguntas o quê….
O que se pode sentir??
Não sei...!!

Vazio
Dor
Tristeza
Solidão
Saudades
Muitas saudades
Medo
Raiva

vazio
Um buraco muito grande [....]
dor
Não deixa fazer nada
Dói só de pensar [...]
Tristeza
Um nó na garganta [...]

Porque é que eu continuo neste caminho??

Está vazio de ti
Faz doer de tristeza
De saudades
Tenho medo

[...]

Não sei o que se sente!!
Acho que não se sente nada"

Fico reduzida a este nada de terror por perder assim um filho...
E depois?
Depois nada.
Há que seguir, não?

Agenda

Hoje, 30 de Junho, começa o Festival Sete Sóis Sete Luas
na Fábrica da Pólvora de Barcarena com os
TANGER CAFÉ ORQUESTRA (Marrocos).

A entrada é grátis e começa às 22.00 horas.
(o espaço é óptimo para as crianças de todas as idades)

quinta-feira, 29 de junho de 2006

Foi bonita a festa, pá!

E hoje foi a minha vez de ser presenteada com a magnífica festa de fim d'ano da escola das minhas filhas. Como no ano passado perdi a primeira parte, desta vez cheguei cedo. Já lá estavam pais aos magotes e eu, em dia absolutamente anti-social, resolvi enfiar cara, olhos e nariz nas páginas de um livro que tinha na carteira. Foi uma óptima solução, porque me safei da estúpida conversa de circunstância que me rodeava. Os pais, principalmente quando estão todos juntos e em situações desconfortáveis, conseguem ser patéticos.

Vinte minutos depois da hora marcada, não havia mais páginas para ler e fui obrigada a voltar ao planeta Terra. Foi quando reparei que a minha mãe tinha entretanto chegado, munida de máquina fotográfica. Ali estava ela, encostada a uma parede, silenciosa. Achei sensato não me ter interrompido a leitura. E estranho, porque a minha mãe é tudo menos sensata. Ora, a partir do momento em que a vi e lhe disse um "ah, olá, não reparei que estavas aí", a sexagenária criatura dispara, projectando a voz, como se estivesse a dar aulas: "boas notícias! temos cunha para as miúdas entrarem na escola X". Ok. Esta mãe eu já reconheço. Respondo-lhe um "óptimo, mas talvez fosse melhor falarmos disso noutra altura". A resposta surge, no entanto, rápida: "é uma cunha óptima, nem imaginas, blá, blá". Claro que a assistência que eu tinha conseguido ardilosamente evitar até então, directora da escola incluída, estava agora interessadíssima na nossa conversa, dado que não havia espectáculo nenhum em palco.

Felizmente fui salva pela professora de ballet, que apareceu para anunciar o primeiro número. E lá entraram as meninas, todas muito bonitas e, claro, foi muito divertido, porque uma surpreendente Eva resolveu subverter a coreografia, posicionando-se de rabo para a audiência. A Eva gostou do burburinho e da risota que gerou e resolveu aparvalhar completamente, tornando tudo aquilo muito mais interessante. A minha filha mais velha, que gosta é de palcos, levou a sério o seu papel, e dançou tudo direitinho, charmosa e sorridente. O que nunca tinha visto na vida era dançar ballet ao som do "tenho uma boneca assim, assim", mas tudo bem. Quando eu fazia ballet era mais Tchaikovsky...

(entretanto chega o pai, saído ileso de uma terrível batalha contra o tempo e o trânsito)

Nova pausa e entram agora todos os meninos e meninas, com a minha cria mais nova de trombas cerradas, testa franzida e a olhar para os pés. Aposto que queria ter um livro à mão para se esconder.
Mas esta prestação tenho que elogiar. Eles vinham vestidos de gotas de água e apresentaram um belíssimo e politicamente correcto número sobre a importância de poupar o precioso líquido. Foi bonito, pá! Estiveram todos muito bem e nenhum se enganou nas deixas.
Depois, os meninos e meninas tiveram um ataque de riso, que me fez lembrar aqueles ataques de riso incontroláveis que acabavam com um RUA! Gostei muito desta parte, embora desconfie que não estivesse no alinhamento.

A seguir entrou a professora de inglês, que repetiu o número da última festa! Escândalo! Ainda por cima os putos ainda não aprenderam nada - era vê-los a saltar quando a canção dizia sit down ou a tocar no nariz quando se ouvia touch your head.

Seguiu-se um medley e respectiva coreografia e, finalmente, a entrega de diplomas (!) aos 3 meninos que vão para a escola primária. Muitas palmas, muitas fotografias, putos entregues aos pais e somos todos conduzidos à sala onde nos esperava um lanche. A minha filha mais velha agarrou-se aos croquetes e a mais nova aos rebuçados. E eu escapuli-me com arte, dado que tinha MESMO que ir trabalhar...

Entrada Livre

À conversa com uma grande amigalhaça, esta diz-me que costuma vir aqui ao berloque. Pergunto-lhe se nunca teve vontade de comentar nenhum post. Ela diz-me que sim, mas que depois acha que nós já nos conhecemos muito bem e que não se quer intrometer num grupo que lhe parece fechado. Eu já desconfiava disto, porque o sitemeter diz-nos que há muitos que nos visitam, todos os dias, em total silêncio.

Sobre este assunto, quero dizer que não é verdade que nos conheçamos bem. Eu, por exemplo, nunca vi a Mai Xinti.

Também não é verdade que as mmas sejam um grupo fechado. Muito pelo contrário: a ideia é mesmo ser aberto a todos.

O que quero dizer é que se devem sentir completamente à vontade para entrar, comentar, continuar em silêncio ou o que bem vos apetecer. Mas não pensem nunca que se vão intrometer. Eu conheci as mmas através da Grande Reportagem. Nunca as tinha visto. A porta estava aberta, entrei, gostei e fiquei.

Lancem ideias, disparatem. Falem a sério, falem a brincar, não falem. É entrar senhorias e tragam um amigo também.

terça-feira, 27 de junho de 2006

E agora um post dedicado à Isabel Freire...

...porque nas minhas deambulações internéticas encontrei esta frase

I come and I become.

e lembrei-me de outra, que é melhor ainda

De dia soy mujer, de noche soy mejor

E que ainda por cima também funciona em português - De dia sou mulher, de noite sou melhor. Infelizmente ando a gastar os meus últimos neurónios a escrever aqui no blog e não consigo lembrar-me do nome da criatura que canta isto. Mas como é uma personagem digna de referência, prometo voltar ao assunto mal me lembre!


EXTRA! EXTRA!
Lembrei-me! Chama-se Hysterica Iberica!

Hoje sonhei que...


Afinal tinha sido adoptada. Foi horrível, saber assim, ao final da tantos anos. E foi tão verídico!!! Extraordinário. Alguém tem pistas para me ajudar a compreender isto?
Vou ligar à minha mãe, para tirar as duvidas!

Foto: Dorothea Lange

segunda-feira, 26 de junho de 2006

Doutores há muitos

Segunda-feira. Trabalho. Preciso de falar com o presidente de uma instituição. A telefonista atende, com aquela voz fundo-de-garrafa que só as telefonistas conseguem ter:
- Bom dia, instituição X...
- Bom dia, fala Z, gostaria de falar com Y. Resposta seca, do outro lado, em tom de repreensão:
- DOU-TOR Y.
E, sem mais conversa, passa a chamada para a secretária de Y.

- Bom dia!
- Bom dia, daqui fala Z, gostaria de falar com Y. O assunto é ABC.
- Assim sendo é melhor falar com a Dra. XPTO, a assessora do Dr. Y.

...

- Dra. Z? A Dra. XPTO tem a linha ocupada. Queira deixar contacto que mal a Dra. XPTO desligue eu volto a ligar à Dra. Z.

...

- Dra. Z? Vou então passar à Dra. XPTO, por favor não desligue Dra.

- XPTO? Olá, daqui fala a Z e gostaria de falar com Y.

Olha que delícia!



domingo, 25 de junho de 2006

Poeta a tempo inteiro, que sorte!

Ser ao mesmo tempo poeta, mulher do D. Quixote e mãe de 5 filhos é uma tripla tarefa bastante esgotante.

Sophia de Mello Breyner Andresen, que não gostava da palavra poetisa e muito menos da letra Ç (uma letra sentada, dizia), numa carta a Jorge de Sena

sexta-feira, 23 de junho de 2006

Ó raios que a omnipresença dava-me um jeito do caraças!

Dois filhos
Duas festas*
Dois último dia de aulas
Duas dezoito e trinta se faz favor
Dois melhores filhos do mundo
Duas pernas
Dois lugares para estar ao mesmo tempo

Pronto, sobrevivi.

(sim, o meu bicho-das-castanhas teve duas festas)

Give us a break


Sim, a Mimi tem razão. Este Blog anda murcho! So what? É perfeitamente natural, ou precisaremos de uma blog-ó-terapia? De facto, pela minha parte, além de muita coisa que fazer, há uma espécie de invasão pública no nosso privado, uma espécie de monólogo no diálogo, uma espécie de inconfidência na confidencialidade, uma espécie de repetição na singularidade e muita conversa minha, for a change.

Enfim, no entanto, e muito obviamente, não seria de esperar outra coisa!
:)

Ainda da minha parte, acrescento que os encontros na Casa me têm feito muitíssimo bem exactamente pela:
-libertação privada do público
-dialoguice no monólogo
-confidencialidade na inconfidência
-singularidade na repetição.

(Está visto, vou passar a velhice a fazer palavras-cruzadas, mas até lá chegar continuarei muito convictamente a acreditar que nada é absoluta e invariavelmente contínuo, e que essa é a condição da evolução)

Queridas mmás, "é acenar e sorrir" [já lembrava a PTFN]

quinta-feira, 22 de junho de 2006

Topless in Texas?

Not if you teach
In a classic case of Internet overexposure, a Texas teacher has lost her job for nude photos posted online-and won over a legion of liberal-minded bloggers.


in Austin High School

quarta-feira, 21 de junho de 2006

A Bola

A propósito... de esférico, Alemanha e,... gregos!
Sabe sempre bem ver de novo!

O dito


Sabado dia 24 Junho às 23h00
Cabaret_Meditativo_Sessions

J.P. Simões (Quinteto Tati): "Canções Bastante Inofensivas" com Sérgio Costa (PT)

J.P. Simões tornou-se, deste os tempos dos Belle Chase Hotel até ao presente, no mais interessante e carismático poeta-cantor da boémia lusitana. Continua a encontrar conforto em músicas bastardas das noites decadentes de décadas passadas; no burlesco, no «vaudeville», nas «torch songs», no can-can, Waits e Gainsbourg. E na bossa, por mão de Caetano ou Jobim, que nunca o abandona.
Apresenta-se no seu próprio verbo para esta ocasião:
"Pequeno concerto com canções inéditas da "Ópera do Falhado", do Quinteto Tati e de um disco a solo, do dito indivíduo Simões, que irá ser lançado em Setembro. Pede-se encarecidamente a quem não simpatize com o dito indivíduo o favor de não aparecer. Obrigado. O dito."

Entrada: 7.5 €

ZDBMUZIQUE

PS: Sou admiradora sem limites!

Rugas

Se as minhas rugas mais vincadas estão na testa, isso quer dizer que passo a vida espantada? Ou terei apenas a pele mais seca nessa zona?

Se me nasce uma borbulha bem no meio de uma ruga, isso quer dizer que sou nova e velha? Ou terei comido muitos amendoins?

Que histórias vos contam as vossas rugas?


imagem: W. E. Hill

A pulga sem patas ainda salta?

A propósito de cãezinhos amestrados vou dizer mal, apenas pelo puro prazer de contrariar o que tenho dito, da escola do meu bicho-das-castanhas.
Festa de final de ano e todos os macaquinhos, cãezinhos, catatuas, focas, tigrinhos (soube hoje em primeiríssima voz, já que foi dito em palco com voz alta esganiçada mas sem feed-back, entenda-se, que a escola apadrinhou um tigre do jardim zoológico), gatinhas e pulgas amestradas estavam preparados para o espectáculo que se antevia longo. Hora de início prevista 18:30, muito bem, hora de encerramento 20 horas, nada mau.
Lá consegui lugar sentada depois de muitos empurrões, tropeções e acotoveladas.
Depois dos olá boa noite blá-blás gerais da ordem entra uma menina lindíssima com vestido fox trot a avisar a viagem pelas tendências musicais até aos tempos modernos. O meu piolho encardido riu e eu dei, como de costume em tudo, o benefício da dúvida. Não correu mal de todo já que se tratam de amadores e, para além de tudo o mais, quando se trata dos nossos meninos e meninas a fazerem de centro de atenção na arena circense achamos que até está tudo mesmo muito bem. A minha inquietação era que o meu bicho das castanhas faria parte do concerto final e, para além de todas as cabeças que via em pulgas para entrarem em palco, ainda havia a tão esperada entrega de prémios… Coragem, pensei enquanto tentava calar o mais novo que não se calava com chamamentos de mano. Mas continuando, o espectáculo que se seguia tinha como atracção as focas e catatuas que constituem a secretaria da respectiva escola. Todas vestidas a rigor, claro está. Foi um espectáculo lindo de se ver. Vianesas, afifes, areosas, saloias, campinas, algarvias e sei lá eu que mais. E assim foi correndo a festa, ora danças tu ora danço eu, roda e rodopia desde o corridinho ao bailinho lá corria o espectáculo intervalado com as danças das meninas que animavam a plateia com pedaços de Lisa Minelli em Cabaret (coisa estranha de ver em miúdas de 12 anos) Elvis, Grease, hip-pop e, claro, Kuduro.
Não sei a que horas o director anunciou um intervalo de dez minutos para prepararem a entregas dos prémios. Se já estava agoniada com tal mistura de sons e cores e coreografias em cada elemento tenta sobressair saltando mais, correndo mais, gritando mais, se já estava sem argumentos com tantos quando é que é a vez do mano, porque é que o mano não é agora e outras variações do mesmo que já não me lembro, fiquei estupefacta a ver tamanha desorganização das supostas orientadoras do meu filho. Calma, pensei enquanto explicava que os outros manos também estavam à espera e que já não deveria faltar muito para o piolho ouvir o bicho-das-castanhas a tocar a música do Titanic que nos tem atormentado em tanto ensaio cá por casa. Passada meia hora, em que o fundo do palco era uma gigantesca projecção do sistema operativo Windows com 250 pastas e ficheiros a ocuparem quase o ecrã inteiro, lá começaram a entrega dos prémios à ordem do… “pedia ao excelentíssimo colega que nos apresente o power-point” arghhhhhhh power-point não!!! Gritei mas ninguém ouviu. Valeu-me o olhar cúmplice do meu marido e até nos aguentámos bem até que as imagens do Fernando Pessoa, Ulisses e Dom Quixote saltitaram em forma de dança pelo ecrã ao som de uma música alusiva a uma tal valsa de palavras. Foi demasiado para nós, desatámos a rir. Pronto, pronto, está bem, ok, valeu a intenção. “Vamos então dar início à entrega dos prémios. Pedia aos meninos para deixar passar os colegas e para estarem todos atentos porque já estamos atrasados…” Ora bolas. “Prémio de escrita do primeiro período para o 5º ano (pausa) chamo a menina X(pausa) onde está a menina X? (pausa) peço à menina X que suba ao palco para lhe ser entregue o prémio e uma pequena lembrança entregues pela professora XX (pausa) (ainda pausa) Ah! Lá vem a menina X que vai receber o primeiro prémio de escrita do primeiro período sob o tema … tigre com bom coração (pausa) (a miúda tenta passar por cima de tudo para chegar ao palco) bem, vou já chamar o menino Y para o segundo lugar do mesmo prémio (pausa, e a menina X ainda não chegou ao palco) menino Y onde está o menino Y? (pausa e finalmente a menina X lá conseguiu trepar para o palco onde recebeu um diploma, um embrulho e dois beijinhos da professora).
Está bem, está bem, eu abrevio. As categorias eram (pelo menos as que me lembro) escrita, leitura, matemática simples, jogo do 24, inglês escrito, inglês lido, trabalho de biblioteca… e houve ainda um prémio especial para a menina que requisitou mais livros na biblioteca. Raios, esqueci-me de contar que antes disto esteve em palco uma escritora infanto-juvenil que contou lentamente que começou a escrever livros há quatro anos porque não havia nada para ler para aquelas idades e que depois … está bem, conto isto noutra altura. Onde ía eu? Ah nos prémios, claro. Ora deixem lá ver. Do 5º ao 9º ano são cinco anos, cada ano tem três períodos, isto dá 15 temas vezes três prémios dá 45 crianças que tiveram as mesmas dificuldades e demoraram o mesmo tempo a chegar ao palco, e atenção que isto apenas se refere à categoria da escrita… imaginem o resto que eu não tenho paciência para descrever o restante respeitante aos prémios.
Bem, vamos ao que me interessa que é a prestação do meu bicho-das-castanhas.
É agora, digo eu em jeito de cotovelada ‘pára, está quieto’ ao meu mais novo que desesperava. Eis que entram outra vez as senhoras do corridinho vestidas a preceito. Já vomitaram ao ler isto? Se ainda não preparem-se: as senhoras dançaram mais uma vez, depois entrou a equipa das sevilhanas que ‘dançaram’ quatro espanholadas, entenda-se que aqui o dançar é a extenuante tarefa de rolar as mãos por cima da cabeça e fazer rodar a saia. Finalmente o grupo musical… alguém grita ao microfone uma apresentação rápida do grupo musical do quinto ano. Estou quase a choramingar em coro com o meu piolho com uma vontade enorme de ir à casa de banho, fome e irritação pura. Pois eles não tocaram uma música, não senhor. Primeiro cantaram o hino da escola, depois tocaram uns acordes simples depois os mesmos acordes mas mais elaborados e ainda uma terceira versão da mesma música mais composta. É agora???? Ainda não. Entraram mais alunos do 5º ano para tocarem mais uma música e não tocaram mais porque eram 9:30 e o auditório tinha de cumprir o próximo contrato (é um teatro, e o espectáculo deveria começar às 9:30 e as pessoas que compraram bilhetes, assim como os artistas, não deveriam estar mais satisfeitos do que os muitos pais que ainda se aguentavam para ver os seus macaquinhos, cãezinhos, catatuas, focas, tigrinhos, gatinhas e pulgas amestradas a actuar em palco). Conclusão abreviada: depois de três horas à espera o meu bicho-das-castanhas (e os colegas do 6º ano, para não mencionar o 7º, 8º e 9º ano) não tocou a música do Titanic e o mais pequeno, sábio, exclama um ‘mas ca ganda pucaria’ ao ouvir a explicação envergonhadíssima e cheia de pedidos de desculpa do director da escola. O bicho-das-castanhas com o sobrolho carregado avisou-nos um ‘não quero falar sobre isto’ o que nós respeitámos, claro.

Bolas, estou mesmo cansada e não tenho pachorra para rever as palavras. Se encontrarem muitos erros ignorem se faz favor.

terça-feira, 20 de junho de 2006

Maridos


Raios partam. Andava eu à procura de uma imagem no mundo da web que servisse de elogio aos maridos, por aturarem os maus [bons] feitios das suas companheiras cheias de seiva, e os meus comentários jocosos, quando me deparei com isto.
É o destino, dir-se-ia.
Não percam o sentido de humor. Juntem-se a elas,... se não as puderem combater!
:)

segunda-feira, 19 de junho de 2006

LLPP

17h30 - Vou buscar a raposa à escola.

17h40 - Subimos a calçada e encontramos um amiguinho da escola. "Olha o Pedro!" A avó do miúdo, muito simpática, desce à altura das crianças, de joelhos dobrados, e tenta compreender quem é e de onde vem a menina. Explicamos. O Pedro mantém-se agarrado a um xupa-xupa rosa, ignora seja o que for.

17h41 - A raposa faz um olhar de desejo. A avó retira de imediato outro Lolli da mala, igualzinho. Fazemos os cumprimentos e agradecimentos que a regra manda. Afastamo-nos.

17h42 - A coisa apita e cheira bem. A miúda está no céu.

17h42,5 - Um casal passa apressado, esbarra na raposa, o objecto maravilhoso cai ao chão. Tristeza e alguma indignação. A senhora oferece-se de imediato para lhe comprar outro. Eu recuso, mas insiste e aceito, por uma questão de respeito à vontade expressa. Entramos na pastelaria já ali. A raposa ouve pedir "um xupa, por favor" e começa a fugir como o diabo da cruz. Não, não. Não quer um pauzinho com uma bola no topo. Quer um apito. Porra!!! Não há nenhum. A senhora paga aquilo. Eu tento silenciá-la, a gaiata, mas vejo que a garganta está cada vez mais musical, quer regurgitar cá para fora o que lhe está entalado, o apito. O esposo da senhora, espera na rua, à porta. Enquanto me despeço, a miúda reclama o que era dela. A senhora diz-lhe que amanhã há dos outros e o homem exclama qualquer coisa como um 'pobre e mal agradecida'. Eu percebo que são intencionados, sim, mas idiotas, e tenho vontade de dar um pontapé aos dois.

A LETRA "L"


• 00:20
"Das lágrimas aos sorrisos, THE L WORD, mostra a realidade das vidas e amores de um grupo de mulheres lésbicas que vivem na famosa Los Angeles."
Diz no alinhamento da 2:

A ver vamos. Quem aguentar, porque amanhã é dia de trabalho!
De qualquer forma fica o lembrete, para este desfiar de sensibilidades, de estórias, amores e desamores, intrigas e químicas, no fiminino.

domingo, 18 de junho de 2006

Still talking about...


SEX!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Show Up. Site down. Relex.


Casa dos Dias da Água, 16h00

sábado, 17 de junho de 2006

Amantes

Dois amantes erráticos sabem às vezes mais um do outro do que os respectivos cônjuges (é uma palavra tão feia que parece que são as gengivas a falar...). (...) Os casais falam à mesa, telefonam-se para falar da natação do filho e à noite, depois de poderem ou não copular, adormecem no silêncio das almofadas que poderiam ouvir tanto!

d'O Sexo e a Cidália

sexta-feira, 16 de junho de 2006

Consultório mmas

Dúvidas patrimoniais
A mulher é a propriedade horizontal do homem (pelo menos a maioria assim o entende, ou assim aje, ou assim o demonstra, ou assim acredita).
Será que podemos considerar o nosso hóme como propriedade vertical?

Questões climaxticas
Sinto-me húmida, quente, lânguida. Será da trovoada?

Pirataria

É incrível a forma como as pessoas repetem o que lhes acabámos de dizer, como se arriscassem a ir para a fogueira por acreditar no que ouvem.
de Samuel Beckett in Primeiro Amor

quinta-feira, 15 de junho de 2006

Você pagaria para ir para a cama com um gajo?


1. Sim, mesmo que não valesse muito a pena.
2. Claro, se o preço fosse justo.
3. Eventualmente, se estivesse bêbada.
4. Dependendo do nível de excitação/licitação.
5. Se me confessasse logo a seguir.
6. Se o psiquiatra me ajudasse a superar o trauma de não ter sido natural e gratuitamente desejada pelo tipo.
7. Se o meu marido quisesse muito, e ficasse a assistir.
8. Se desse direito a cartão com pontos, e descontos, tipo BP.
9. Se ele no final dissesse que nunca tinha tido tanto prazer com uma só mulher.
10. Se no dia seguinte ligasse a dizer que queria passar o resto da vida nos meus braços.
11. Se ele apoiasse também a Selecção Nacional!!!

quarta-feira, 14 de junho de 2006

Mulheres!


A Jessica engravidou aos 36 anos, na noite em que perdeu a virgindade com um condutor da Carris. O tipo é franzino, casado, pai de um filho com 3 ou 4 anos de idade. A Jessica ficou apaixonada pelo homem do volante, e decidiu ser mãe. Durante a gravidez engordou 25 quilos, de tanto bolo com creme que forçou garganta abaixo, para baixar os níveis de ansiedade. A menina nasceu bem, saudável, bonita. O pai não foi ao hospital. Tem uma família em casa, mulher e filho, e aquela criança veio destabilizar muito nervo muito nervo. O tipo assumiu a paternidade. Vem ver a menina quando pode. Ambas as mulheres passaram um período de guerra dura. Esperas, insultos, agressões e até um processo em tribunal para o qual servi de testemunha. A Jessica carregava uma culpa de amante, desamada, filha de uma grandessísima égua, prostituta, mãe solteira, e arranca corações conjugais. Mas sempre manteu a dignidade, apesar da depressão, e nem que fosse à força do salto afiado do sapato, que várias vezes tirou do pézinho de ciderela negra para se defender da mulher oficial do tipo do autocarro, uma dama de cabelo longo, oxigenado, muita produção e maquilagem, muita sedução e vantagem. "Tu já a viste? Parece mesmo a Shakira!" - repetiu-me a Jessica vezes sem fim, enquanto eu percebia que também ela desenvolvia uma personagem de femme fatal morena. Hoje, tem o cabelo pelo rabo, preto preto, usa decotes brutais, saltos ainda mais 'effeis', e baton sempre à medida.
Ontem à tarde, a caminho de casa, encontrei-as as duas no jardim, com os meninos a brincarem, enquanto sacudiam as suas crinas primorosas. Já tinha ouvido da boca de Jessica as histórias mal contadas de uma pacificação qualquer entre as duas. Uma sedução, na minha opinião. Ontem namoravam no jardim. O tipo da Carris devia estar ao volante a engatar outra, ruiva, provavelmente. E elas decidiram constituir família, apoiar-se uma à outra, deixar os meninos ser irmãos, passar a perna ao fulano sem graça, que além de lhes levantar a mão, parece afinal não ter é graça nenhuma.

Foto: Sophie Calle

terça-feira, 13 de junho de 2006

É o delírio!

João Céu e Silva entrevista Margarida Rebelo Pinto, hoje, no DN.

São tantas as pérolas, de ambas as partes, que nem sei que excerto escolher... Pronto, decido-me por este, que surge no final, com a pergunta da praxe sobre literatura light:

"O problema é que a seguir a mim todos começaram a escrever - há 15 anos as mulheres queriam ser decoradoras e há 30 hospedeiras - e isso subverteu o mercado. Assistimos a esse fenómeno de multiplicação de margaridos e margaridinhas mas o que vai ficar é completamente diferente. (...) As pessoas acham que escrever livros é uma coisa muito fácil, mas há jeito, talento e génio."

Pois. As limitações de MRP não têm... limites. Um dos aspectos que João Pedro George destaca no Couves e Alforrecas, é precisamente o facto da criatura não conseguir descolar por um minuto que seja do seu próprio quotidiano. Caramba! Como é que eu nunca me tinha apercebido de que as mulheres sempre quiseram ser hospedeiras e decoradoras? Isto há coisas que só a malta com talento, jeito e génio é que descobre.

Depois também há a parte da modéstia. Já sabíamos que MRP era um génio da literatura, mas esta da invasão do mercado livreiro pela fast-reading ter surgido depois e por causa de MRP também me tinha escapado. E já que a conversa foi dar ao umbigo da autora, recuemos a uma pergunta anterior, em que MRP aproveita para nos dar a conhecer uma revolucionária reinterpretação da História de Portugal:

DN - Acha que perdeu com a polémica [em torno de Couves e Alforrecas]?
MRP - Perdi um bocado de paciência para os arrivistas. Não foi agradável nem fácil, mas estes fait-divers fazem parte da vida em Portugal, porque as pessoas têm comportamentos muito umbiguistas. Foram 50 anos...

Aqui está outra grande novidade para mim. Partindo do pressuposto de que a criatura se está a referir ao Estado Novo, manifesto desde já a minha total ignorância: é que eu achava que nessa época é que não havia crítica livre. Nem debate. A crítica ser um fait-divers também não deixa de ser um conceito interessante, bem como a enigmática relação disto tudo com o tal umbiguismo. Isto começa a ser informação a mais para a minha pobre cabeça.

Infelizmente o jornalista não nos ajuda a perceber seja o que for sobre todas estas inovadoras teorias. Felizmente é honesto e avisa-nos logo no início do texto que o facto de vender muitos livros "irrita os seus críticos" e que "por isso, entrevistá-la é um risco". Um risco, João Céu e Silva, é tentar fazer equilibrismo quando se sofre de vertigens. Uma entrevista é uma entrevista. Alguém pergunta e outro responde (ou não). Quanto muito quem corre riscos é o entrevistado. Se bem que o entrevistador também possa correr o risco de encher uma página de jornal com um monte de nada.

Ui... que medo!

"Maternidade de Elvas ameaça ficar aberta"
(ou de como o surrealismo chega à primeira página do DN...)

informo os mais distraídos que o bombástico título pode ler-se na barra lateral, à esquerda...

Pedido de ajuda

Temos ideias preguiçosas. Boas e preguiçosas. A Associação MMAS continua de molho, mas um dos objectivos era criar uma rede de apoio mútuo.
Encontrei um pedido de ajuda neste blog. Uma mma em apuros precisa de roupa para um bebé que aí vem. Vamos ajudar?

Desde há dois anos que duas companheiras de trabalho me dão as roupas das suas filhas, que depois ainda passo a outra mma. Faz toda a diferença.

É importante ensinar as criancinhas a partilhar. Pelo que vejo lá por casa, o egoísmo é uma coisa mais ou menos inata. Há pessoas que crescem e que continuam a gritar desenfreadamente meu! meu! meu! sem ter noção de que partilhar um cagagésimo do que temos pode saber muito melhor do que ter! ter ter!. Mesmo quem estiver a guardar o enxoval porque pode-ser-que-isto-melhore-e-pode-ser-que-daqui-a-uns-anos-ainda-tenha-outro, há-de poder dispensar pelo menos uma peça. Ou não?

segunda-feira, 12 de junho de 2006

Cidade fantasma
















Adoro Lisboa em Agosto. Adoro Lisboa nas pontes e nos feriados e nas mini-férias. Gosto quando esta gente stressada se pira daqui para fora.

O que nunca hei-de perceber é porque é que se vão amontoar todos no mesmo sítio.

domingo, 11 de junho de 2006

Artigo 9.º

da Constituição da República Portuguesa
(Tarefas fundamentais do Estado)

São tarefas fundamentais do Estado:
a) Garantir a independência nacional e criar as condições políticas, económicas, sociais e culturais que a promovam;
b) Garantir os direitos e liberdades fundamentais e o respeito pelos princípios do Estado de direito democrático;
c) Defender a democracia política, assegurar e incentivar a participação democrática dos cidadãos na resolução dos problemas nacionais;
d) Promover o bem-estar e a qualidade de vida do povo e a igualdade real entre os portugueses, bem como a efectivação dos direitos económicos, sociais, culturais e ambientais, mediante a transformação e modernização das estruturas económicas e sociais;
e) Proteger e valorizar o património cultural do povo português, defender a natureza e o ambiente, preservar os recursos naturais e assegurar um correcto ordenamento do território;
f) Assegurar o ensino e a valorização permanente, defender o uso e promover a difusão internacional da língua portuguesa;
g) Promover o desenvolvimento harmonioso de todo o território nacional, tendo em conta, designadamente, o carácter ultraperiférico dos arquipélagos dos Açores e da Madeira;
h) Promover a igualdade entre homens e mulheres.

sábado, 10 de junho de 2006

Obituário

10 de Junho
Feriado em Portugal - Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas (até ao 25 de Abril de 1974 era conhecido como o Dia de Camões, Portugal e da Raça).

sexta-feira, 9 de junho de 2006

Queridas meninas e senhoritas


Acabei de chegar de uma viagem de trabalho:

-1.200 quilómetros,
-5 dias,
-um homem estranho no lugar do morto, no meu carro,
-francês de manhã à noite com sotaque de quem nunca aprendeu a porra da língua,
-24 horas por dia, mais coisa menos coisa, a falar com desconhecidos, enfiada em realidades absolutamente bizarras para mim,
-várias camas de hotel.

-Céus, venho renovada.
-A casa está vazia, nem marido nem filha.
-Amanhã posso dormir até tarde e ponho-me à estrada novamente, sozinha.
-Estou bronzeada que nem um pedreiro.
-Rouca do sol abrasador.
-Cansada e vaziiiiinha da silva.
-Tinha saudades vossas.

-Abençoado trabalho sem patronato, risco sem obrigação! A má notícia, no meio disto tudo, é que não terei férias, para variar.
;)

Je suis livre, et je vivre!

quinta-feira, 8 de junho de 2006

Ontem

7:30
– Ó mã acóda!
– Uhmmm!
– Ó maaaãei acóóda!
– Só mais três minutos.

7:34
– Ó mã acóda!
– Arghhh!
– Já passaram três minutos!
– Só mais dois minutos.
(…)
8:00
– Ó mãe tu prometestes! Acorda!
– O que é que eu prometi para hoje, feriado, às 8 da manhã?
– Que íamos à piscina…
– É verdade, diz o mais velho sentado ao lado do mais novo aos pés da cama.
– Mas ainda é cedo.
– Tu prometeste, e agora não acordas, és mentirosa.
– Já vamos.
– É sempre já, já, já.
– Eh pá não sejas chato e deixa-me dormir mais meia hora.
– Mas tu prometeste, e agora não cumpres e blá blá blá (lenga-lenga de dois minutos que não me lembro por estar em estado semi-dormente à qual o mais velho se juntou com outros jás passados)
– Raios! Se não se calam não vamos para piscina nenhuma!
– Aprende, diz o mais velho para o mais novo, a chantagem é a pior arma dos pais.

Evidente que perdi logo sono.
Raios partam os putos com conhecimento profundo da psicologia da culpa.

segunda-feira, 5 de junho de 2006

Sexualidade

Mostra-me a tua estética que eu mostro-te a minha.

Mal saímos da puberdade

Não há registos fotográficos do encontro. Só sonoros. Ninguém levou objectiva, só subjectiva.

Chegada à hora marcada. Seis mulheres. Uma noviça: mmá com o pezinho na água, da casa, dos dias, pela primeira vez – é um acto corajoso, ao que parece, sobretudo se compararmos o número de ameaças com o número de presenças novas. O espanto é que afinal é tudo tão simples, tão acessível, tão compensador. Primeiro foi o café na esplanada. Falou-se/ouviu-se, falou-se/ouviu-se, em poucos minutos, e à sombra das árvores, apontamentos das horas, da semana, da rotina, da novidade. Histórias simples que se despejam assim, sem gravidade nenhuma e bom humor. Depois subimos à sala dos sofás de veludo. Isabel Freire trouxe perguntas. Expectativas de cada uma? Não sabemos, mas deviam ser poucas, algumas. Talvez nenhumas. Porque não? – pura e simplesmente.

Uma conversa sobre sexualidade. Básico. Uma conversa sobre sexo. Básico.

A conversa passou a correr. As palavras saíram das bocas sem gravidade e entraram de forma entrançada pelos brincos de cereja, um ‘penduro’ que lhes teria ficado bem numa fotografia de grupo: seis mulheres muito diferentes, discordantes, diletantes. A conversa soube muito bem e mal saímos da puberdade. Ficávamos ali a falar mais duas horas no mínimo.

Curiosamente, parece que não há tabus na tertúlia. A tertúlia é curiosa. O curioso é perceber tabus. Este encontro continua na próxima sessão, por livre escolha das mmás presentes.

Sexy Mother Fucker parte II no próximo dia 18 de Junho. Ficam já avisadas!

sábado, 3 de junho de 2006

Duas realidades subjectivas


Começou ontem e bem o Festival Alkantara, com Isabella's Room. Gostei muitíssimo do texto, que percorre o século XX através dos olhos de uma mulher cega que vê muitíssimo bem. Essa é, aliás, uma das deixas, mas que até pode passar despercebida, no meio de tanto estímulo e informação - Isabella apercebe-se de que a História nunca foi escrita sob o ponto de vista feminino.
Ali estão as duas grandes guerras, os costumes dos antigos e dos modernos, a arte nova, as relações entre seres humanos, os intelectuais talvez faux talvez vrai, as visões alteradas da realidade, a loucura e a moral dos outros, numa viagem à volta da verdade e da mentira. Isabella é uma assumida libertina e a única que nunca mente.

Do muito que há para ver por estes dias, destaco a trilogia Flatland, de Patrícia Portela. É absolutamente imperdível. De 11 a 14 de Junho, na sala de ensaio do Centro Cultural de Belém.

: )


Está velho e sem fôlego mas adorei o concerto.

We don't need no education
We dont need no thought control
No dark sarcasm in the classroom
Teachers leave them kids alone
Hey! Teachers! Leave them kids alone!
All in all it's just another brick in the wall.
All in all you're just another brick in the wall.

guns n' roses


Pelo meu bicho das castanhas.
Agora, para além de Mozart e Beethoven, ficou fã dos guns. E eu babada, claro.

As regras clássicas da escola III


(*) As regras aqui postadas estão afixadas na escola do meu filho.
Ele está no 1º ano.

Acho óptimo que tenham alfarrobas na escola. Acho óptimo que se aventurem, que subam às árvores.

Mas também acho essencial que existam regras, porque não é por elas existirem que eles abdicam da experimentação.

Quanto aos castigos não há nenhum que possa apontar como tendo sido positivo ao longo do meu percurso escolar. Alguém se lembra de algum?


(*)

As regras clássicas da escola II


Lembro-me também da professora de Biologia, que fazia parte desse elenco de professores. Só que esta, por oposição, era temida.
Tinha a mania dos castigos.
Um dia, o meu colega Mário infringiu uma das regras da sala: “Não comer pastilhas elásticas na aula”.
Eu sentava-me na 'carteira' logo atrás dele e a senhora, do alto do seu mau feitio e péssima formação obrigou-me a colocar a pastilha no cabelo do Mário.
Até hoje carrego comigo uma culpa imensa e o arrependimento de não me ter sujeitado a ir para a rua com ele, mas para quem chega do Ensino Primário há decisões defíceis de tomar.
Na altura fiz o melhor que sabia, pedi-lhe desculpa e a chorar lá deixei a pastilha muito mal plantada.

(*)
Ele não teve de cortar o cabelo, ela, foi expulsa antes do ano lectivo terminar.

As clássicas regras da escola I

Do meu (ciclo) Preparatório lembro-me de uma professora de inglês que simplesmente não tinha estrutura para aguentar uma turma. “Aguentar” é a palavra certa porque aquelas aulas eram um suplício, mais para ela do que para nós.
Enquanto a senhora tentava dar a aula, ignorando o circo montado só para ela, os alunos andavam levantados pela sala, atiravam as famosas bolas de papel molhado ao quadro, escondiam o apagador, deslizavam no chão da sala de aula como se esta fosse um ringue de patinagem artística e num belo dia, até um balde do lixo foi colocado a arder.
Desse episódio resultou uma ida para a rua.
(*)
Enquanto a stora de inglês gritava que aquilo também já era demais, o aluno expulso também gritava, na cara dela. Gritava umas guitarradas imaginárias que fingia sacar da guitarra inventada a tiracolo.
Foi para a rua a tocar e nem tinha sido ele o autor do desvario.


sexta-feira, 2 de junho de 2006

Shit head

Finalmente uma boa proposta saída da Assembleia da República.

O PSD apresentou um projecto de resolução na Assembleia da República para instituir o 6 de Junho como o Dia Nacional do Cão. No projecto, a que a Lusa teve acesso, o PSD quer homenagear o animal que "cumpre hoje relevantes papéis de auxílio e companhia social" e que é "uma presença marcante na vida de milhões de portugueses". Para tal, defende a criação de um dia "dedicado à sensibilização". A proposta do PSD surge na sequência da apresentação no Parlamento, no passado dia 2, de uma petição, subscrita por 7162 pessoas, pedindo a criação do Dia Nacional do Cão.

Esta notícia, que leio hoje no Público (não foi no Inimigo Público, eu sei que hoje é sexta-feira, mas foi mesmo no Público) e que transcrevo na íntegra, deixa-me radiante. Primeiro, porque é com gosto que vejo que os nosso deputados são rápidos a dar seguimento a questões urgentes como esta. Depois, porque me ocorrem deste já outras duas petições igualmente importantes para a vida desta nobre nação:

1. Criação do Dia Nacional da Calçada Portuguesa sem Merda de Cão

2. Criação do Dia de Cão

Esta última, com vista à sensibilização de cães e deputados, serviria para homenagear os cidadãos contribuintes que chegam ao fim do dia a arfar de língua de fora, desejando ser caniches adoptados por velhinhas.

O que nem o Público nem a Lusa contaram é que na lista de nomes dos que assinaram esta petição estão, lado a lado, o ex-cão-perdido-do-socialista-Ferro Rodrigues-que-é-como-se-fosse-da-família-e-que-tanto-afligiu-os-seus-donos-com-a-sua-escapadela, Bobby Marques Mendes, Snoopy Pedigree Pal e ainda todos os proprietários de lojas de produtos para animais e seus familiares. O Tejo não assinou.

A sério???? Nããã...

Organização Mundial de Saúde diz que excisão é uma forma de tortura.

(A OMS pronunciou-se ontem sobre o assunto, em Genebra...)

notícia lida no Público

Sexy Mother Fucker

Sexualidade feminina barra puberdade, gravidez, maternidade e menopausa serão tema de discussão no próximo encontro das MMÁs, Domingo, dia 4, pelas 16h00.

Isabel Freire, jornalista e autora de uma pesquisa sobre sexualidade das mulheres portuguesas, que será publicada pela editora Esfera dos Livros (em 2007), convida todas as mmás para a conversa.

Foto: Glenn Gordon

O maravilhoso mundo da educação


Ilustração: Cristina Sampaio

quinta-feira, 1 de junho de 2006

Discurso censurado

Discurso do Ministro Brasileiro de Educação nos EUA...
Durante um debate numa universidade nos Estados Unidos actual Ministro da Educação CRISTOVAM BUARQUE, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazónia (ideia que surge com alguma insistência nalguns sectores da sociedade americana e que muito incomoda os brasileiros).

Um jovem americano fez a pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um Brasileiro. Esta foi a resposta do Sr.Cristovam Buarque:

"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso.
Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.
Se a Amazónia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro... O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço.
Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país.
Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.
Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França.
Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar esse património cultural, como o património natural Amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.
Não faz muito tempo, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.
Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.
Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos também todos os arsenais nucleares dos EUA.
Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
Nos seus debates, os actuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida.
Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazónia.
Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver.
Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa.
Só nossa!"


Este discurso não foi publicado. Circula um mail a pedir a sua divulgação, aqui está porque vale a pena.

Paz, pão, habitação

Mais um artigo sobre a baixa da natalidade, muito centrado nas recentes medidas de incentivo anunciadas pelo Governo. Não há nada a fazer, é o sinal dos tempos - parece ser a conclusão geral dos especialistas ouvidos.

Sobre este cansativo assunto, digo que:

1. se não tivessse que pagar já 600 euros para ter as miúdas num infantário até às 17h00, talvez considerasse a hipótese de ter mais um filho - pelo menos as minhas hormonas assim o pedem. Será normal que a escola pública da minha zona abra às 9h00 e feche às 15h00, sem ter ATL ou prolongamento? Que tal criar uma verdadeira rede social para acabar com a autêntica roubalheira especulativa que se gerou nesta área? E mesmo pagando não há vagas!

2. serão normais os preços das casas, seja para arrendamento ou para venda? Uma família não cabe num T0 e somando a conta do infantário à conta da renda, já lá vai pelo menos um dos ordenados. Que tal regular de uma vez por todas o mercado imobiliário? Como é que o baixíssimo preço de construção é inflaccionado sei lá eu quantas vezes, ao ponto de um metro quadrado valer mais que uma barra de ouro?

3. é preciso não esquecer que uma família paga muito mais impostos indirectos. Porque quando eu encho o carrinho de supermercado de leite e de iogurtes e etc. e tal, quando tenho que renovar constantemente o guarda-roupa das crianças que insistem em crescer, quando lhes compro livros e brinquedos, sobre tudo isso pago IVA. Somos 4 e não um a tomar banho, somos 4 e não um a ir ao teatro, ao cinema. Ando de carro, consumindo a estupidamente cara gasolina, - será que conseguiria estar no infantário às 17hoo se apanhasse transportes públicos? Não - já fiz a experiência...

4. o IRS é mal calculado. Façam o favor de experimentar ver quanto pagavam de impostos se não tivessem filhos. Um casa onde entrem dois ordenados sem filhos é uma coisa. O mesmo dinheiro para sustentar quatro pode não chegar. Mas o Governo não concorda. Eu PAGO IRS apesar da brutalidade dos descontos mensais, apesar de não me sobrar nenhum ao fim do mês. Eu NÃO recebo abono de família. O Governo acha obviamente que eu sou rica.

TER FILHOS É MUITO CARO.

Chateia-me que esses doutos que escrevem nos jornais digam que não há nada a fazer e que é uma chatice e tal e coiso, porque as mulheres agora também têm carreiras e tal e coiso e que coitadinhas até são prejudicadas nos empregos e tal e coiso e que é um sinal dos tempos modernos e tal e coiso.

Se porventura me fosse dada a hipótese de gerir o meu próprio horário, trabalhando por objectivos e somando as mesmas horas ao fim do mês, teria a vida muito mais facilitada. E esta é só uma das muitas medidas que o Governo poderia tomar. Não sei se ajudaria a fazer crescer a taxa de natalidade. Mas ajudaria de certeza quem já tem filhos.

Another Brick in the Wall

Este ano recebi no dia da mãe dois colares feitos pelas minhas filhas de 3 e 4 anos. O itálico não é por acaso. Alguém acredita que duas crianças desta idade resolvam fazer colares com um desenho absolutamente simétrico? O que é que interessa o gesto mecânico de enfiar missangas num fio de nylon numa ordem pré-determinada pelas educadoras? Não ficariam mais bonitos se tivessem dado liberdade criativa às miúdas?

A escola formata mais do que ensina.

Auto-retrato MMAS 2

Porque por muito que me tentem arrumar as ideias, sou eu quem vai escrever a minha própria história.