As ‘mmás’ são um espaço e um tempo para experimentação não isolada. Uma forma de sair do armário da maternidade, com liberdade para que mães, mulheres anónimas, se exponham, se interiorizem, se lembrem, se banalizem, se encontrem, se distanciem, se analisem, se ilibem ou o que bem entenderem.
domingo, 29 de outubro de 2006
Otto Griebel
Ontem gastei o dia enfiada nos lençóis. Passei o almoço – passei mesmo! Ouvi os talheres repenicar na sala, cheirou-me ao pernil no forno, ouvi o bip do microwaves avisar que a sopa sopa sopa. A pequenina repetia que era preciso lavar a cabeça à tartaruga, enquanto me vinha fazer festas na testa, de meia e meia hora, e perguntar se eu já estava melhor. Não ainda não estava nada melhor. Continuava morta de sono, embora no pêlo da flanela os cabelos e o resto do corpo se esquecessem do mundo há muitas horas.
Estou mergulhada num processo antropofágico. Num carrossel mágico, numa espécie de comboio fantasma ou roda gigante. Não tenho tempo, a não ser para a obssessão de terminar dois longos trabalhos. Os dias caem-me como guilhotina sobre o cachaço. Vou ficando mais pobre, mais magra. Ontem pelas 5 da madrugada, encontrei cá em casa a reprodução de uma pintura do alemão Otto Griebel, onde dezenas de homens alinhados, sujos de carvão, operários obviamente, se encostam e suportam uns aos outros pela força de vontade da clavícula. Colei-os na porta do meu quarto, o sítio onde passo manhãs, tardes e noites agarrada ao computador. Pensei que me inspirasse, que me desse vontade de contrariar o sono quando precisar de prosseguir sentada, teclando, pensando, escrevendo. Estou em processo de descida acelerada, com rodas por baixo dos pés. Estou em fase de confrontação, clavicular. Estou bem. A ver vamos onde estou e para onde vou.
Os próximos 3 meses serão duros.
Bjs
WV
terça-feira, 24 de outubro de 2006
sexta-feira, 20 de outubro de 2006
Eu sou ele
Todos o sabem. É, não é João? Diz-lhe. Eu sou ele. Olá pai.
PAIXÃO SEGUNDO JOÃO de Antonio Tarantino
E eu?
Eu saí com a sensação de ter sido atropelada por um camião TIR.
PAIXÃO SEGUNDO JOÃO de Antonio Tarantino
E eu?
Eu saí com a sensação de ter sido atropelada por um camião TIR.
terça-feira, 17 de outubro de 2006
sexta-feira, 13 de outubro de 2006
quinta-feira, 12 de outubro de 2006
Gato por lebre
quarta-feira, 11 de outubro de 2006
CHEGOU!!
A Daniela atingiu o cume do Cho Oyu!!
«7 de Outubro: CUME, CUME... A Daniela fez cume
A Daniela Teixeira voltou a contactar a Campo Base hoje, ao início da manhã,... É para dizer que estou no cume do Cho Oyu. Fantástico, estava super alegre e motivada... Não é para menos, a Daniela acabou de realizar o seu grandioso sonho, o seu projecto de se tornar a primeira alpinista portuguesa a atingir o cume de uma montanha com mais de oito mil metros de altitude. A Daniela atingiu o cume do Cho Oyu em solitário depois dos companheiros filipinos terem desistido do seu objectivo. Neste momento (8.00 a.m., hora de Portugal), a Daniela está a regressar ao Campo 2 e, amanhã, iniciará a descida até ao Campo Base.»
http://www.campobase.pt/chooyu2006/diari.html
«7 de Outubro: CUME, CUME... A Daniela fez cume
A Daniela Teixeira voltou a contactar a Campo Base hoje, ao início da manhã,... É para dizer que estou no cume do Cho Oyu. Fantástico, estava super alegre e motivada... Não é para menos, a Daniela acabou de realizar o seu grandioso sonho, o seu projecto de se tornar a primeira alpinista portuguesa a atingir o cume de uma montanha com mais de oito mil metros de altitude. A Daniela atingiu o cume do Cho Oyu em solitário depois dos companheiros filipinos terem desistido do seu objectivo. Neste momento (8.00 a.m., hora de Portugal), a Daniela está a regressar ao Campo 2 e, amanhã, iniciará a descida até ao Campo Base.»
http://www.campobase.pt/chooyu2006/diari.html
Mas que coisa!
Vou no meu terceiro dia e apanhei uma constipação de ir à cama.
Estou na minha pior forma. Irritada com tudo e todos. As olheiras chegam-me ao queixo. A voz é gutural. As consoantes ficaram reduzidas a um mesmo som monocórdico e as vogais esganiçadas. Os olhos reduziram 50% do volume normal. Os ossos latejam com vontades de sair deste corpo e procurar outro mais ágil. Os músculos ignoram-me, encolhem os ombros quando lhes reclamo algo. Até o sacro decide dar ares de latejo. O nariz emancipou-se e decidiu ser torneira assumida. Os lábios ressequiram e obrigam-me a estar com o batom sempre em riste.
Porra! Quem é que disse que deixar de fumar fazia bem à saúde?
Estou na minha pior forma. Irritada com tudo e todos. As olheiras chegam-me ao queixo. A voz é gutural. As consoantes ficaram reduzidas a um mesmo som monocórdico e as vogais esganiçadas. Os olhos reduziram 50% do volume normal. Os ossos latejam com vontades de sair deste corpo e procurar outro mais ágil. Os músculos ignoram-me, encolhem os ombros quando lhes reclamo algo. Até o sacro decide dar ares de latejo. O nariz emancipou-se e decidiu ser torneira assumida. Os lábios ressequiram e obrigam-me a estar com o batom sempre em riste.
Porra! Quem é que disse que deixar de fumar fazia bem à saúde?
segunda-feira, 9 de outubro de 2006
Viagem ao centro de mim
Deixei-me invadir pelo Alentejo.
Estiquei vistas, senti-me grande.
Subi a uma oliveira e deixei-me ficar
como se fosse mais um dos seus ramos.
Ainda queria lá estar, a sentir o vento, até agora.
Fiz um par de corridas com o meu filho
pisámos bolotas, fintámos os restos das vacas.
Perdi e ganhei.
Fiquei com o coração na boca
com menos 10 anos, talvez 20
e vontade sentir-me assim pelos próximos 30.
Avistei saltitões numa charca
que há-de correr forte daqui a meses,
quando as chuvas cantarem.
Confundi o céu e a terra num baloiço veloz
e espreitei às ameias de castelos esquecidos lá no alto.
Foquei e desfoquei.
Cruzámos a raya con España.
Perdemo-nos num Parque Natural.
Escondemo-nos por entre árvores frondosas.
Alucinámos com o cantar dos pássaros.
Trouxemos ouriços com castanhas entaladas.
Devorámos um helado Bombón Almendrado.
Abastecemos com gasóleo 20 paus mais barato.
Matámos saudades da bisa,
enchemo-nos de nós quatro.
Para voltar a sentir os cheiros da cidade,
os cheiros do trabalho,
os cheiros das escolinhas de cada filho nosso.
Estiquei vistas, senti-me grande.
Subi a uma oliveira e deixei-me ficar
como se fosse mais um dos seus ramos.
Ainda queria lá estar, a sentir o vento, até agora.
Fiz um par de corridas com o meu filho
pisámos bolotas, fintámos os restos das vacas.
Perdi e ganhei.
Fiquei com o coração na boca
com menos 10 anos, talvez 20
e vontade sentir-me assim pelos próximos 30.
Avistei saltitões numa charca
que há-de correr forte daqui a meses,
quando as chuvas cantarem.
Confundi o céu e a terra num baloiço veloz
e espreitei às ameias de castelos esquecidos lá no alto.
Foquei e desfoquei.
Cruzámos a raya con España.
Perdemo-nos num Parque Natural.
Escondemo-nos por entre árvores frondosas.
Alucinámos com o cantar dos pássaros.
Trouxemos ouriços com castanhas entaladas.
Devorámos um helado Bombón Almendrado.
Abastecemos com gasóleo 20 paus mais barato.
Matámos saudades da bisa,
enchemo-nos de nós quatro.
Para voltar a sentir os cheiros da cidade,
os cheiros do trabalho,
os cheiros das escolinhas de cada filho nosso.
domingo, 8 de outubro de 2006
Meeting Poit
Continuamos com a mão na massa!
Amanhã, depois da sesta, assaltamos outro banco.
Se nos sobrar tempo, acabamos as bricolagens que começámos há 15 dias.
Apareçam, se precisarem dinheiro ou distracção, e claro, tragam as crianças.
Amanhã, depois da sesta, assaltamos outro banco.
Se nos sobrar tempo, acabamos as bricolagens que começámos há 15 dias.
Apareçam, se precisarem dinheiro ou distracção, e claro, tragam as crianças.
sexta-feira, 6 de outubro de 2006
Recebi este mail hoje:
Em cada 100 euros que o patrão paga pela minha força de trabalho, o Estado, e muito bem, tira-me 20 euros para o IRS e 11 euros para a Segurança Social.
O meu patrão, por cada 100 euros que paga pela minha força de trabalho, é obrigado a dar ao Estado, e muito bem, mais 23,75 euros para a Segurança Social.
E por cada 100 euros de riqueza que eu produzo, o Estado, e muito bem, retira ao meu patrão outros 33 euros.
Cada vez que eu, no supermercado, gasto os 100 euros que o meu patrão pagou, o Estado, e muito bem, fica com 21 euros para si.
Em resumo:
Quando ganho 100 euros, o Estado fica com quase 55.
Quando gasto 100 euros, o Estado, no mínimo, cobra 21.
Quando lucro 100 euros, o Estado enriquece 33.
Quando compro um carro, uma casa, herdo um quadro, registo os meus negócios ou peço uma certidão, o Estado, e muito bem, fica com quase metade das verbas envolvidas.
Eu pago e acho muito bem, portanto exijo:
-Um sistema de ensino que garanta cultura, civismo e futuro emprego para os meus filhos.
-Serviços de saúde exemplares.
-Um hospital bem equipado a menos de 20 km da minha casa.
-Estradas largas, sem buracos e bem sinalizadas em todo o país.
-Auto-estradas sem portagens. Pontes que não caiam.
-Tribunais com capacidade para decidir processos em menos de um ano.
-Uma máquina fiscal que cobre igualitariamente os impostos.
Eu pago, e por isso quero ter, quando lá chegar, a reforma garantida e jardins públicos e espaços verdes bem tratados e seguros.
...Polícia eficiente e equipada.
...Os monumentos do meu País bem conservados e abertos ao público, uma orquestra sinfónica.
...E, no mínimo, que não haja um único caso de fome e miséria nesta terra.
...Na pior das hipóteses, cada 300 euros em circulação em Portugal garantem ao Estado 100 euros de receita.
..Portanto, Srs. Governantes governem-se com o dinheiro que lhes dou porque eu quero e tenho direito a tudo isto.
Assinado:
Um português contribuinte.
P.S.
Meus amigos, este é seguramente um "mail" que todos temos a obrigação de passar!
O meu patrão, por cada 100 euros que paga pela minha força de trabalho, é obrigado a dar ao Estado, e muito bem, mais 23,75 euros para a Segurança Social.
E por cada 100 euros de riqueza que eu produzo, o Estado, e muito bem, retira ao meu patrão outros 33 euros.
Cada vez que eu, no supermercado, gasto os 100 euros que o meu patrão pagou, o Estado, e muito bem, fica com 21 euros para si.
Em resumo:
Quando ganho 100 euros, o Estado fica com quase 55.
Quando gasto 100 euros, o Estado, no mínimo, cobra 21.
Quando lucro 100 euros, o Estado enriquece 33.
Quando compro um carro, uma casa, herdo um quadro, registo os meus negócios ou peço uma certidão, o Estado, e muito bem, fica com quase metade das verbas envolvidas.
Eu pago e acho muito bem, portanto exijo:
-Um sistema de ensino que garanta cultura, civismo e futuro emprego para os meus filhos.
-Serviços de saúde exemplares.
-Um hospital bem equipado a menos de 20 km da minha casa.
-Estradas largas, sem buracos e bem sinalizadas em todo o país.
-Auto-estradas sem portagens. Pontes que não caiam.
-Tribunais com capacidade para decidir processos em menos de um ano.
-Uma máquina fiscal que cobre igualitariamente os impostos.
Eu pago, e por isso quero ter, quando lá chegar, a reforma garantida e jardins públicos e espaços verdes bem tratados e seguros.
...Polícia eficiente e equipada.
...Os monumentos do meu País bem conservados e abertos ao público, uma orquestra sinfónica.
...E, no mínimo, que não haja um único caso de fome e miséria nesta terra.
...Na pior das hipóteses, cada 300 euros em circulação em Portugal garantem ao Estado 100 euros de receita.
..Portanto, Srs. Governantes governem-se com o dinheiro que lhes dou porque eu quero e tenho direito a tudo isto.
Assinado:
Um português contribuinte.
P.S.
Meus amigos, este é seguramente um "mail" que todos temos a obrigação de passar!
terça-feira, 3 de outubro de 2006
Porra!
As melgas desenvolveram capacidades de inteligência desconhecidas.
É o que vos digo.
Actuam em grupos organizados, são capazes de sobreviver a roupa e diversos objectos atirados ao tecto, prepararam emboscadas, têm um sentido de humor muito rebuscado, sentido de oportunidade muito inconveniente, capacidades musicais, e especial gosto em curvas exageradas.
É o que vos digo.
Actuam em grupos organizados, são capazes de sobreviver a roupa e diversos objectos atirados ao tecto, prepararam emboscadas, têm um sentido de humor muito rebuscado, sentido de oportunidade muito inconveniente, capacidades musicais, e especial gosto em curvas exageradas.
domingo, 1 de outubro de 2006
Pedestal
Para ser franca, ultimamente tenho sentido vontade de um culto religioso. Hoje, por exemplo, bem me apetecia fazer a ablução com água de rosas, prender os fios de cabelo numa rede fina, pôr uns chinelos nos pés e sair de mansinho sozinha para o templo. Silenciada dos outros todos, da casa, do trabalho, de mim.
Depois, obviamente não me apetece ir à igreja nem à mesquita. Imagino-me num altar com água corrente, cheiro a terra ocre, flores acabadas de cortar pelo pé e uma deusa com vários braços, pernas e cabelos ondulados – a mesma que teria numa prateleirinha de madeira algures sobre a cama.
Bem me apetecia sair agora mesmo para ir adorar alguém. Descansar os dois hemisférios sobre a pedra do seu pedestal.
Abstrair-me, vitalizar-me, levitar-me.
Bem me apetecia sair agora mesmo para ir adorar alguém. Descansar os dois hemisférios sobre a pedra do seu pedestal.
Abstrair-me, vitalizar-me, levitar-me.