terça-feira, 16 de março de 2010

As crias humanas e a sua (des)educação


Calculam que eu não sou mãe. Nem pai, pois fui disso impedido antes que pudesse dar um miado de protesto, na flor da minha puberdade felina, mas sei imenso de educação (e da falta dela)pelo que vou ouvindo à minha dona sempre que não tem mais com quem destilar a raiva das injustiças ou dos maus tratos verbais e outros que a rodeiam. Sou, portanto, uma espécie de psicanalista, só que bastante mais económico,também não passo recibos verdes e igualmente parco de opiniões.
Ronrono se concordo e ronrono se discordo, que mais não seja para a acalmar e fazer mudar de assunto.
Vem isto a propósito de ela achar que as criancinhas dos seis aos quinze anos estão cada vez mais complicadas, bem como os pais das ditas. O porquê, tem sido discutido, em monólogo, mas parece ponto assente que tudo começa...de pequenino, como o pepino.
É que, de há uns tempo spara cá, ela vem notando que os pais parecem ter pouco tempo para dedicar aos filhos,trabalham muito, coitados e , chegando a casa, toca a papar e cama, com DVD a adormecê-los...menos cansativo do que ler um livro de histórias e ter que responder às inevitáveis perguntas que a curiosidade coloca.
Depois, há que descansar, enquanto os putos adormecem com o Nody ou com um qualquer canal de TV e..ir até ao farmville semear ..para colher palmas dos amigos virtuais igualmente produtivos na tarefa de desenvolver crias com HDA ( Hiperactividade e Défice de Atenção).
As coisas que um gato sabe, hem???
Diz a minha dona que a atenção requer, desde pequeno,por parte dos pais, paciência, perseverança e regras firmes. Isto bem misturado com recompensas carinhosas e orgulho pelos pequenos progressos, que não passem por "prendas materiais". Os progressos devem ser sentidos na alegria dos pais e as asneiras , devem, igualmente , ser sentidas na decepção dos progenitores, mostrando sempre a certeza de melhoria pelo esforço. "Não há almoços de graça", diz o david Lodge e a minha dona concorda. O esforço e a frustração são normais. Pais felizes e pais zangados, também. Mas o mais importante é que sejam coerentes nas promessas e nas acções.
Nós, gatos, somos assim mesmo. Eu ainda me lembro bem da patada recriminadora da minha mãe, uma vez que arranhei demais a minha mana Julieta, quando ainda éramos bebés e ,mesmo hoje, se tento tirar partido do meu ligeiro peso ( uns reles doze quilos) para arreliar a mana, basta ouvir a minha dona: Roooomeeeeeeuuu!????
Tenho alguma esperança que umd estes dias ela fale de algumas crianças exemplares.
E de pais que acreditem que os professores não são torturadores de mentes jovens , mas apenas formadores de valores que eles nem sempre têm. Com os meus...
Deixo-vos para relaxar no sofá, enquanto a minha dona está a ver se encomenda online um livro de um tal Mike More :" Coping with Toxic Parents" ...
Muitos ronronados ...
Romeu