quinta-feira, 17 de agosto de 2006

Shou shim shenhoura

Estes são os meus cheiros de infância.
Sou beirã e não há nada a fazer, está-me nas narinas.


As tardes de domingo eram passadas à beira rio.
As curvas e contracurvas da estrada estreita, as montanhas, as cascatas, os recantos frescos e as montanhas espelhadas, a manta de retalhos, o farnel, o som do rádio a pilhas do meu pai e as rendas infindáveis dos enxovais que a minha mãe fazia tornaram-se imagens entranhadas. Os girinos, as rãs, os peixitos e as cobras de água, as pedras redondas, as folhas pastosas e os galhos partidos, os joelhos esfolados, as canelas com nódoas negras e os pés e mãos com pele de salsicha faziam parte de mim, ainda fazem, e agora fazem parte da infância dos meus filhos, pelo menos assim o espero.
Estou de volta.

2 comentários:

putafina disse...

Há un 10 anos fui até Alrganil (Secarias), a "terra" da minha sogra. O Verão é passado junto ao rio. Confesso que não me sinto muito à vontade. Os peixinhos a darem as boas vindas nos pés e tornezelos... O fundo do rio... Humm... Não é a minha praia. Mas a envolvência é extraordinária.
É muito mais fresco do que o cenário da praia, indiscutível. O verde pelo amarelo.

PSSM: Welcome back!

mai xinti disse...

Engraçado, tive a mesma experiência tb há cerca de 10 anos na 1ª vez que fui a Coja, Arganil, e tomei banho de rio: não tinha o sabor da água salgada nos cabelos e os peixes não me largavam os pés... A minha infância era a Ericeira e o mar batido, não aquela água chã. Hoje já me habituei e ainda na terça em Góis se estava lindamente, mas faz-me falta o cheiro a maresia...