segunda-feira, 16 de julho de 2007

Flashback



Sim, eu tive uma fodida depressão pós-parto.
Hoje, alguém me fez lembrá-la.
Hoje, no caminho para casa pensei, agarrada ao volante: livrei-me daquela merda!
Hoje, a pôr a minha filha a dormir voltaram a cair-me as lágrimas em bica. Só do flashback...

Na altura, fartei-me de pedir socorro e parecia que ninguém me ouvia!

Vaginawolf

Ilustração: Sky, de Yuko Shimizu

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Calem-me se não vou presa!

Não, não ando a fazer birra.
Ou ando?!?!
Naaaa, não creio.
Ando é com uma crise de tédio, daquelas tipo ténia que se cola à parede do intestino delgado (que é maior) e não sai nem por forças abismais, ventrais e outras que tais.
Bem, quero dizer, tédio, tédio não é. É mais a crise dos 40 que está aqui mesmo ao virar da próxima esquina a subir por aquelas escadas enferrujadas e a pensar que depois daqui nada é como foi, tirando o que tem de ser porque tem muita força.
Agora que estou a escrever penso (que de vez em quando também me faz bem, assim como quem limpa o pó debaixo do vídeo, debaixo mesmo debaixo, tipo levantar o aparelho e limpar até ao fundo mesmo onde não se vê quando se está sentada no sofá em frente), penso escrevia eu, que ando é irritada com isto tudo que se passa. Irritada até mesmo com os pais da criancinha que berra enquanto a minha criancinha se tenta fazer ouvir no meio do palco. Irritada com a largura da minha cintura que não é como a do Miguel, ó! não a minha aumenta e faz encolher o umbigo. Ou será ao contrário? O umbigo diminui fazendo a cintura largar? Vou pensar nisto depois, sim porque novo pensamento surgiu do nada, bem ok do nada nada não foi, a culpa é da música que me alegrou e me lembrou do concerto que fui ver e da noite que passei ao relento, sentada num banco de paragem de autocarro com chuva a salpicar por todas as frestas e sem ninguém num raio de 500 metros durante as 3 e as 5 da manhã e fez-me acreditar que isto é tudo uma ilusão. Sim, nós vivemos num país de expressão livre, honesto e educado:
‘– Você é um filho da senhora de companhia menos recomendada pela minha esposa.
– É, estamos num pais bafejado pela verborreia iluminada, meu senhor.
– Ó grande e excelentíssimo senhor com cara de quem de costas se vira e baixa a apanhar os restos do lixo para alimentar a família, por quem sois, passe, passe à minha frente e diga de sua justiça.
– Por amor de deus, nem por sombras me ocorreria ultrapassa-lo, não, não, até porque assim aproveito o tempo da sua passagem para apontar os dados e tirar uma imagem fotográfica de alta definição para juntar à gravação que fiz no meu telemóvel de última geração e pensar em uma ou duas acusações dirigidas à vossa pessoa que entregarei no tribunal de seguida.’
Sim, estamos num pré-qualquer-coisa-não-muito-simpática-que-está-para vir-e-nunca-mais-vem-nem-vai, assim como uma queca mal dada.
Não, isto não é birra. É demasiada coisa a dizer e não saber por onde começar, demasiada coisa a criticar sem conseguir arranjar os adjectivos e nomes adequados, muita escuta, muita videovigilância, muita falsa segurança, muito déspota, muita gente sem formação, sem educação.
Tirando isto estou com um orgulho desmedido, disparatado, babado e outros ‘ados’ dos meus ‘pilas’, e com saudades dos nossos encontros angelicais.
E agora vou sentar-me e esperar que me contactem para formalizar o processo jurídico por ter opinião, seja ela qual for.
PS: as escutas estão de volta, mesmo com os telemóveis desligados é possível gravar as conversas dos incautos. Por isso tenham medo. Tenham muito medo! (isto é de um filme qualquer que não me recordo, o ‘ter medo’ porque as escutas é ocorrência contemporânea, não como a arte que disso, inesperadamente, estou muito contente por a terem colocado à disposição de quem quiser ver, mesmo que seja um arranjinho de armazém, que se dane, pelo menos é um armazém ao serviço dos meus e outros olhos).
E a propósito do ‘que se dane’ reli umas folhas de uma novíssima edição do ‘pão com manteiga’ livro que comprarei depois de ler as ‘fantasia eróticas’ (estou para lá do meio da digestão) e surgiu-me a conjugação do verbo danar:
Eu estou-me nas tintas
Tu dás de frosques
Ele borra-se todo
Nós estamos cá mas é como se não estivéssemos
Vós não queríeis mais nada
Eles que se lixem.

para quando é o tal piquenique?
Ou jantar, ou saída, ou cafezada ou qualquer coisa?

(péssima)