sexta-feira, 11 de novembro de 2005

Conceito

Ser mãe é o melhor que pode acontecer a alguém e as crianças são o melhor do mundo - dois paradigmas que a sociedade promove, sem dar tempo, espaço e liberdade intelectual ou sentimental para a concretização de ambas as maravilhas.
Haverá mulheres em aldeias do interior que na vindima fazem terapia de grupo, outras em centros urbanos cosmopolitas que se organizam para verbalizar diários interiores, algumas em sociedades islâmicas que fazem dos banhos públicos lugares para lavagem da alma, e certos exemplos em comunidades indígenas com rituais de regeneração e emancipação feminina do corpo e da ‘alma’, depois da procriação.
Para muitas mulheres certos momentos da maternidade, sobretudo recente, são labirintos de angústia e felicidade, vazio e preenchimento, renúncia e apropriação, resignação e revolta, demissão e entrega, abandono e encontro, cedência e discordância.
Porque os parques infantis de Lisboa são muitas vezes lugares de ‘engate’ entre mulheres que escorregam e baloiçam ao lado das suas crianças, numa esperança de cinco minutos de partilha sobre a aridez de um quotidiano tantas vezes cheio de isolamento, esgotamento, medos e silêncios, surgiram as ‘mmás’.
1. Grupo de auto apoio para mulheres-mães;
2. Encontros/exercícios de reclamação pela identidade, individualidade, autonomia;
3. Ausência de supervisão técnica;
4. Gestão colectiva de finalidades e percursos do grupo;
5. Liberdade para definição de iniciativas (convite a pessoas de áreas diferentes, com propostas de informação, debate, formação ou experimentação
- médicos, pediatras, psicólogos, sexólogos, teólogos, sociólogos,
antropólogos, pintores, músicos, bailarinos, animadores, arrumadores - ou apenas exercícios que se possam praticar de forma endógena sem recurso a elementos exteriores às mmás).
6. Algumas pistas de experimentação:
- A dualidade/individualidade mãe-filho;
- Relações: sexuais, conjugais, afectivas, familiares, sociais, profissionais;
- O corpo, a libido, a imaginação;
- O risco, a irresponsabilidade, a infantilidade;
- A gestão do contraditório, do conflito;
- Relações interpessoais entre (des)conhecidos;
- Construção de um projecto;
7. Existência de um espaço contíguo preparado para receber crianças (com babysitter) e possibilidade de se desenvolverem actividades alternativas com os miúdos também;

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