segunda-feira, 24 de julho de 2006

Alvíssaras


Estou aqui há 3 minutos - de portátil sobre as pernas, baloiçando numa cadeira com pés rodados, na minha varanda com vistas para o Holocausto e o Tejo – a pensar em dois programas televisivos. Um deles, finado, completamente, tão finalizado e esquecido, que eu já nem me recordo da ‘graça’. Era os perdidos e achados da TV. Lembram-se? Aquilo era pidesco, horroroso. Estava um gajo em qualquer lado, feliz por se ter visto livre de um bando de familiares execráveis, quando de repente aparecia a câmara e o repórter a dizer ‘cu-cu, cá estamos nós, apanhámos-te’. O outro programa até não anda muito longe, em termos conceptuais. São ‘As Pistas da Bu’. Porra, ainda este fim-de-semana falei com uma mmá acerca da coisa. E as opiniões convergem. O tipo é genial, não podia ter sido melhor escolhido. Até acho mais, quem faz aquilo bem, faz qualquer coisa ainda melhor. Que coerência, que equilíbrio, que sensatez, que expressividade.
Esta verborreia habitual para introduzir o verdadeiro tema do post. O Jal. O Jal era a pessoa que gostaria de encontrar, se alguém mo achasse. Até à TV ia, se fosse plausível, colar um cartaz de ‘Procura-se’ no ecrã, tirá-lo do sério, só para saber que é feito. Conheci-o há uns 15 anos, numas férias em Lagos. Já fiz pesquisas na net, já liguei para o número fixo, já dei volta aos contactos da área. Não sei quem dirigiu a primeira palavra naquela esplanada da vila algarvia. Eu estava de ‘vacaces’ sozinha, e fui beber one beer num bar que há 3 anos, pelo menos, ainda mexia, lá no meio das lojinhas de souvenirs. Sem saber bem como, fui parar à mesa dele, sem saber porquê lá estava no dia seguinte à hora marcada, à espera de uma boleia para ir para uma festa algures no meio do campo, com uma data de freaks, supus eu. Era o aniversário do Jal. A quinta era da família, chão poeirento, figueiras e alfarroba como convém, mais umas trinta pessoas no mínimo. O almoço foi sardinha, por debaixo de uma árvore que nunca mais esquecerei nem que viva mais que um carvalho. A copa gigante gigante abrigava uma mesa circular de cimento onde toda a família e amigos bebiam como loucos, ao som de música e sapatear de Baco. A avó no centro, a mãe, os primos ou irmãos, os tios e as noras, os novos e os velhos, mas sobretudo um calor imenso e aquela coisa de eu não estar ali por nenhum motivo, nem sequer vir ao caso. Aquilo foi muito melhor que cinema. Sex, Drugs, Rock n’ Roll, tinto ou branco, com a velha senhora de combinação a gerir a orquestra. Depois, de 15 em 15 minutos organizavam-se magotes de people and arts por baixo de uma moita contígua, também adubada - na certa -, qual floresta ‘assavanada’, a fumar joints com a espinal medula no chão quente, a ver cair a noite entre os bushes, como soldados em plena guerrilha, à espera de ouvir quebrar um ramo. Eu também lá estive deitada. Eu também comi sardinhas. Eu apanhei boleia de volta para a minha toca no campismo. Eu voltei a visitar o Jal na casa de Arroios. Eu ouvi as histórias das suas esculturas e instalações na praia. Eu perdi-lhe as pegadas, com muita pena, a minha. Eu dava alvíssaras a quem soubesse do paradeiro deste homem extraordinário. Aqui ficam as minhas pistas! Buuuuuu!

PS: Vou suar uma semana on the road again. FuNking work!!! Have fun, mmas!

3 comentários:

Anónimo disse...

Querida Vagina,
(adoro esta introdução)
Quanto ao Jal, lamento mas não te posso ajudar,
quero apenas dizer que em relação ao tipo das pistas da bu, ele tem em mim uma fã incondicional!
e à tua conta, vou passar o resto do dia a cantarolar a musica que é daquelas que quando entra não sai, nem a ferros!
beijinhos

Isabel Freire disse...

Dear dear ab...

Buuuuu-Bu! Buuuuu-Bu!
Bjs bjs idem!

Intézzzzze para a semana. Estou agora mesmo de saída. Tomem conta da casa, dos filhos, do Blog e das jóias!

eheheheh

VW

Mimi disse...

pois é! o tipo é mesmo muito, muito bom!
é pena o horário a que aquilo dá, não?