segunda-feira, 24 de abril de 2006

MMá-música?

Hoje à noite, sentada perto da janela, ouvi o mar como se estivesse a querer engolir-me o alpendre da casa salgada. Era um avião. Enganei-me, afinal.
Hoje à tarde, as taças cantantes de Eugénio Ramos, 59 anos, musicoterapeuta educacional, trouxeram do Japão e do Tibete, vibrações, sonoridades, ritmos, espontaneidades, que pareceram uma brincadeira muito bem,.. muito libertadora.
Batem leve, levemente, como quem chama por mim. Será chuva, será gente? Gente é certamente e a chuva também bate assim.

In-ter-subjectividades:
1. Começou a horas, na Casa dos Dias da Água, e estavam na sala com as portadas fechadas seis mulheres sem filhos;
2. Ouvimos uma explicação breve, sentadas nas cadeiras;
3. Experimentámos os metais individual e timidamente;
4. Fizemos dois grupos e ouvimo-nos a soar em conjunto, um de cada vez;
5. Escolhemos cada uma sua taça cantante e começámos uma jam section, à procura de conversas sem palavras.
6. Repetimos o exercício 3 vezes e de cada vez que o mestre nos dizia para começar, tínhamos vontade maior de tibetar. Tibetámos. Timboreleámos. Tilinteámos. Tlim-tlim-támos-tamos.
7. As vibrações das taças parecem mentira. O corpo ondula com aquilo e não é mesmo impressão, é verdade.
8. Deitámo-nos no chão, tapámo-nos, fechámos as portadas dos olhos e ouvimos os sons-instrumentados do mestre, durante um tempo que ninguém contou. Viajámos nas nossas células cantantes com estímulos electro-magnéticos e cumprimentos de onda. Energias subtis, terapias de uso consciente, tratamentos breves.

“As mulheres experimentam com mais facilidade as emoções e debatem-se mais com elas”, acredita Eugénio Ramos. O musicoterapeuta dá sessões individuais e em grupo. As MMÁs recomendam, dão informações e contacto, a quem estiver interessado.
Merci bien!
Mmázinhas,… está na hora de ir para a caminha!!!

5 comentários:

Mimi disse...

A primeira vez sem crianças e eu não estava lá!

péssima disse...

Tornei-me formigueiro de térmitas em constante mutação vibratória. E não cheguei sozinha a casa, não não. A calma acompanhou-me e fez-me companhia até às três da manhã, hora em que dei por mim a acordar com a sensação de ter passado uma semana inteira. Quando me tornei consciente o som primitivo da Vagina ainda ecoava no íntimo.
Houve momentos lindos de completa sintonia, agora que me lembro ao longe…
Obrigada MMAs, obrigada Eugénio.
Esta é uma experiência a repetir brevemente.

péssima disse...

Mimi, foi muito bom... que pena não terem ido todas.
Mas não te preocupes porque esta experiência vamos repetir mais vezes.

Quem sabe não é a base para a tal "mmas bang boing band" :)

Mimi disse...

ehehehehe! :)

Isabel Freire disse...

Cá estou eu, depois de 600 quilómetros no meio dos toiros bravos, muito cavalo lusitano, dois belíssimos filmes da luta de classes feudo-pós-moderna portuguesa, dezenas de aranhas, coelhos, perdizes e até um ou outro bufo real atravessado na fronteira entre mim e o carro durante 36 horas na província. Ufa, cheguei. Já vos conto, daqui a nada. Isto para introduzir a musicoterapia. Rewind! Bem, eu fiquei muito surpreendida. Juro que não tinha criado assim nenhuma expectativa concreta em relação à coisa. Nem sequer tinha tido tempo para pensar, pois andava muito cheia de mosquitos à roda do cérebro pseudo-iluminado. O Eugénio pareceu-me logo uma pessoa séria, interessante e bem temperada. O exercício começou para mim quando escolhi o primeiro de 3 instrumentos e começámos a gingar. Abstraí-me completamente, agora à distância percebo o quanto me abstraí mesmo. Sentia energias minhas, muito atómicas a quererem sair-me pela boca (foda-se, eu devia mesmo ter sido cantora, não me vou perdoar nunca esta falta de queda para a música). Aquilo crescia mais e mais. Nas nossas mãos, a linguagem dos sons, e na minha alma, a vontade de fazer bundgi-jumping (como é que se escreve esta porra? tou muito preguiçosa para pesquisar ortografia). E pronto, não me contive, deixe a raiva, o stresse, os abalos, a insegurança, a tremura, a ansiedade, a timidez escavacarem-se no chão, e vibrei como enfant terríble! Voilá!
Muito bom. Cinco estrelas. Melhor que massagem. Bem, nem falei na segunda parte, aquela da viagem deitada no relax, porque porque porque nem sei, mas para mim terá sido óptima mas menos marcante. Pensei em muitas coisas, e deixei a tranquilidade, a segurança, a firmeza, a serenidade, a extroversão consumirem-me de dentro para fora.
Obrigada Eugénio por uma excelente tarde. Living and learning! Obrigada MMás pela conversa de sons e pelos tímpanos agredidos com a fúria de uma vagina!
VW