quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

Desinteresse escolar

Recebemos a mensagem de uma mãe, futura mmá, preocupada com o desinteresse da filha pelos estudos e pela escola. A menina (13 anos) tem sido acompanhada por um pedopsiquiatra, sem grandes efeitos. Alguém conhece alguma corrente, algum especialista, algum estudo, algum projecto, alguma experiência que possa servir de pista para procurar nova solução?
Merci mmás!

6 comentários:

Anónimo disse...

Se já está a ser seguida, é complicado arriscar hipóteses. Em princípio há dois motivos para as crianças de desinteressarem pela escola:
-pode ser sobredotada ou coisa que o valha (mas nisso já o pedopsiquiatra e a mãe já teriam reparado)
- pode estar a ser perseguida pelos colegas ou, dado que já tem 13 anos e está às portas da adolescência, pode não gostar de ser quem é.

Eu tentaria uma destas hipóteses:
- mudar de pedopsiquiatra (eu só paro de mudar quando o médico finalmente me agrada. se escolho a cabeleireira por que não escolher os médicos?)
- tentar as vias mais esotéricas. A única que conheço é a Isabel Leal, terapeuta de reiki, que estuda as crianças Índigo (não sei se já ouviram falar)
Talvez enviando um e-mail à Isabel Leal a explicar o problema, ela possa encaminhar a pré-adolescente para o melhor especialista nestas áreas.
Fica a página na internet: http://planetaisabel.no.sapo.pt/novidades.htm e o e-mail: isabelleal@netcabo.pt

péssima disse...

Mas o desinteresse é geral ou só numa determinada área?
Que dizem os professores? Pelo menos um deles deve ter uma opinião formada, nunca a transmitiu à mãe? E a miúda? Que diz ela? Principalmente que diz ela? Dá alguma razão entendível ou apenas refere que não gosta de estudar? Será um problema da ‘escola’?

Eu tive um problema de adaptação escolar com o meu filho mais novo (no primeiro período da primeira classe). Durante um mês experimentei tudo o que podia, o resultado era sempre o mesmo, gritos, berros, e recusa a aprender seja o que for. Tinha, na turma, colegas da pré-primária, ao que me parecia gostava da professora, a única explicação que me dava é que a sala tinha dois quadros de ardósia. Depois de falar com ene pessoas, sem chegar a conclusão nenhuma consegui uma transferência. A primeira semana foi menos complicada apesar de se recusar a entrar dentro da sala de aulas, passava o tempo antes do intervalo sentado no chão à porta da sala e devido aos antecedentes a professora não insistiu, até o dia que lhe deu um berro e o arrastou, literalmente, para dentro da sala.
Nunca mais recusou a escola e hoje sou eu que lhe digo para ter calma que tem tempo de aprender. Isto tudo para dizer que só depois deste processo me apercebi: a primeira escola tem uma escadaria que impõe respeito. Imaginei-me do tamanho dele a olhar para elas, e são assustadoras (evidente que nem todas as crianças reagem assim). Acho que por vezes determinadas recusas prendem-se muito mais a questões simples, aquelas que não conseguimos ver de imediato. Mas também sei que enquanto duram estes processos somos cegas, e é sempre mais fácil analisar como espectadora. Quem sabe a miúda não tem uma destas razões demasiado simples como causa de recusa.
Quando aos sobredotados, concordo com a Inês, apesar de ela poder ser sobredotada numa área não abrangida pelo currículo escolar sendo assim mais difícil de detectar, mas não acredito que nenhum dos professores, considerando que sejam profissionais, não estejam atentos a essas coisas, eles, mais que os pais, detectam os 'problemas' das crianças.
Quanto às crianças índigo, normalmente são mal interpretadas, especialmente na nossa sociedade, demonstram uma hiperactividade, um recusar tudo, uma ira, uma lógica, uma capacidade sensitiva muito acima da média. Se for o caso, o melhor é mesmo consultar um especialista na matéria e aprender com isso de mente aberta. Não é fácil.

Isabel Freire disse...

Bom, não gostar da escola hoje em dia, e nalguns casos em particular, pode ser sinal de muito boa massa crítica. Sem querer sem injusta com muitos e muitos excelentes professores que fazem das tripas coração para tornar a escola um espaço de crescimento global, a verdade é que em muito casos, a escola é uma tristeza, os professores uns entristecidos, e as matérias uma triste escolha ministerial.
Eu tento pôr-me no lugar desta mmá, e imagino que ficasse logo altamente ansiosa, preocupada, a rodar como cão à roda da minha cauda e a perguntar permanentemente sobre a escola, os trabalhos, as causas, os efeitos. Se calhar pode ser um erro, não sei. Talvez esta miúda precise de tempo. Precise de não ser atrofiada com mais aulas de apoio, mais stresse do que já deve sentir ela própria, mais porguntas sobre o que vai sair no teste e se já estudou o suficiente. Talvez precise de ir ao cinema, visitar uma fábrica de operárias, trabalhar uma semana numa pastelaria... de um kit kat,... a break.
Claro que isto não é fácil de fazer. Claro que pode ser absolutamente errado. Claro que não há receitas pantagruel para a 'coisa', claro que os miúdos passam por momentos de crise existencial.
Além disso, lembro-me de uma reportagem que fiz numa escola de Mértola onde o abandono escolar é preocupante. Encontrei um miúdo extraordinário, envolvidos com as novas tecnologias até ao pescoço, com uma capacidade de iniciativa fabulosa, uma visão futurista sobre como viver no mundo rural de forma global, muito giro mesmo. No mesmo dia conheci uma professora dele, que me disse que era um aluno problemático, desinteressado, com maus resultados e um caso aparentemente perdido. Fiquei espantada. Aquela professora não tinha conseguido ver em seis meses lectivos o que estava mesmo à frente dos olhos. Esta cegueira é muito recorrente. E acreditos que nós mmás e pais também possamos, dado a um envolvimentos altamente emocional, ficar bloqueados e não ver o que está à vista. Precisamos provavelmente tb de um kit kat. Ir ao mais ao cinema, visitar outros mundos, perceber que há muitos tabus nos dogmas que nos parecem evidentes e inquestionáveis.

Isabel Freire disse...

visitante 1000, welcome!
Prémio mmá do milénio!

Isabel Freire disse...

Hoje,... um bocadinho mais experimentada, até me questiono se a agricultura por conta de outrém não teria sido melhor escolha!
;)

Marts disse...

Quando tinha essa idade passei por um esgotamento a que se seguiu uma recusa em estudar (sempre fora a melhor aluna do colégio e estava farta). Numas férias de Natal disse aos meus pais que ia trabalhar e fui para uma loja de brinquedos de uma amiga minha. Quinze dias depois a escola era óptima ou pelo menos muito melhor do que o trabalho na loja....