quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

Linha trim-trim

Desculpem o postar compulsivo, juro que é o último de hoje. Reproduzo livremente uma conversa real que tive há cinco anos com uma mulher que fez profissão do atendimento em linhas eróticas. Para desenrascar uns trocos:
Ganho cinco euros à hora. Olha, é melhor que andar a servir copos a idiotas. Isso podes crer que é. Chegas ali, sentas-te e esperas pelo trim-trim dos clientes. Trabalhinho limpo. Cada uma tem os seus, claro. Há gajos que ligam todos os dias. Há malucos assim. E tu, a tua obrigação é fazer esticar a conversa ao máximo. Ali cada minuto é dinheiro. Ejaculação precoce não rende [ri-se]. Eu tenho os meus admiradores fixos. Ligam e pedem para falar comigo. Ela tem os dela. E depois apaixonam-se e tudo. Foda-se, se os gajos se apaixonam, aí é que rende. ‘Tão lá sempre caídos. E tu dás a entender que o melhor é marcar um encontro, mas depois queres e não queres, fazes o teu papel! E não te podes esquecer das cenas que vais dizendo a cada um, o que inventas, ‘tás a ver? É que para eles tu és a única mulher da vida deles, tu ‘tás ali sentada a limar as unhas, a ler a TVGuia, mas o filme deles é altamente romântico, ou erótico, ou o caraças. Sei lá. No fundo, não é fácil. Tens de perceber que mulher é que andam à procura e depois tu és essa gaja. Olha a Vanessa, por exemplo, já tem cinquenta anos, e fez isto a vida toda. Começou em Paris, numa linha de miúdas que ‘tavam a amamentar. Como? Não!!!! Claro que não!!! Achas!!! Isso era a tanga. Um nicho de mercado, percebes? Havia gajos que só curtiam mamas de leitinho.

5 comentários:

Anónimo disse...

Bem... começo a perceber que os teus artigos me ficaram na memória. Estranho, não? Lembro-me perfeitamente disto. Que las hay, hay...

Isabel Freire disse...

Acho que desta vez a memória teve outro autor, Inês. Este meu nunca foi publicado. Eu sou daquelas que colecciona sons em casa. Uma espécie de caçadora de borboletas. Um hobbie como outro qualquer. Histórias para pôr os netos a escutar.

Anónimo disse...

bem... o discurso era incrivelmente igual! terão entrevistado a mesma?

péssima disse...

: )
Nada como sabermos profissões alternativas.
Em caso de crise conjunta, poderemos sempre criar um centro de operações activo: Piririm–Ui-COMMAS
(sendo que Piririm é daqueles sons polifónicos, que nós cá somos muito dadas à tecnologia).

São Rosas disse...

Parabéns pelo blog. Tive uma bela surpresa ;-)