terça-feira, 16 de maio de 2006

Eu não sou a super mulher


Desculpem mas não concordo... Não acho que seja uma heroína, não consigo fazer tudo e mais alguma coisa em pouco tempo, não faço milagres, não penso em tudo, não tenho visão raio X, não quero ser um super heroi!
Vi de passagem na montra de uma livraria na Baixa uma revista qualquer que falava sobre as novas mulheres, as super mulheres - com direito a fotografia com capa escarlate esvoaçante.
Fiquei incomodada! Eu não sou um super heroi da Marvel - tenho limites como todos, tenho que dormir, comer, tenho necessidades (coisa que os super herois não têm), vejo à mesma distância e cometo muitas vezes, felizmente, humanos erros irremediáveis.
Não sou um modelo...
Parece-me que em muitos casos as mulheres têm-se assumido nesse papel de super mulheres, com algum orgulho, numa espécie de secretismo prazenteiro nos seus super poderes. A divisão das tarefas caseiras - a má divisão no caso - passa também por esta assunção de que somos super mulheres e eles não farão nada bem. Perdoem-me mas não concordo: A cozinha e a roupa não são tarefas minhas como não são dele, e eu troco os pneus do carro tão bem quanto qualquer homem - se existem tarefas que um ou outro não gosta então que a divisão seja feita pelo entendimento - mas uma vez feita temos de assumir as consequências mesmo que isso implique que os filhos saiam vestidos de azul e amarelo....
Eu por mim não quero ser a super mulher - detesto aquela tanguinha minúscula....

9 comentários:

Anónimo disse...

Por isso perguntei no comentário ao vosso post 1X2 (10.05.06) quando é que deixamos de ser super-mulheres e passamos a ser mulheres... Reformulo: quando é nos deixam de exigir super-poderes (ou quando é deixamos de o exigir a nós próprias em alguns casos!). Custa-me ver homens que, para além de não partilharem tarefas, ainda se sentem no direito de exigir um manjar dos deuses todas as noites, e 1001 mais coisas feitas no pouco tempo "livre" que as mulheres têm. Mas, sobretudo, custa-me sentir-me agradecida por o meu não ser assim, não chatear com as merdas (desculpem) da casa e até ajudar (e não partilhar). Custa-me que nos exijam tanta coisa: em casa, no trabalho, nas amizades.. E custa-me sentir-me culpada por não ser capaz de cumprir tudo o que é exigido!

Violet

Isabel Freire disse...

Passei metade da minha existência a ver títulos e alcunhas a rodopiarem-me à frente do nariz. Acredito que nasci para titular. Enfim, cada qual é para o que nasce!
Isto para dizer o quê? Ah!!! Já sei!!! Imaginem quando chegar aos 70?! Vai ser bonito, vai.
Queria então dizer que durante muito tempo me auto-apelidei por "Super-Beze-Biruta". Era apenas uma das represntações que tinha da minha pessoa, mas a que mais gostava. Esta personagem de contra-herói tropeçava com frequência, derramava cafés em cima de figuras sisudas nas pastelarias, esquecia-se de muita coisa essencial, era muito bem disposta, escapava a todas as situações arriscadas em que a muita imprudência própria a colocava, mas tinha sempre uma lâmpada na cabeça, e acesa. Era só rir. Hoje sinto muita falta da birutice, tenho usado pouco esta capa não-engomada (obviamente!)e faz-me uma falta terrível. Também estou cansada de levar com a tanga das super heroinas, ou pelo menos, com o excesso de abuso de confiança masculino que nos enfia com os filhos, a casa, o carro, o IRS, as reuniões de condomínio, a burocracia da creche, tudo em cima, nomeadamente o cão, e mais que viesse. E nós burras - NÃO BIRUATAS!!! - fazemos.
Esta coisa dos super-heróis faz-me lembrar também o último europeu, há dois anos, em que desenvolvi o conceito de uma equipa ganhadora, imbatível, com um carisma incomparável. Era a minha resposta íntima ao paternalismo futebolista empolgante geral. Chamava-se CocoNuts, a equipa. As caganitas malucas. E todos os jogadores eram isso mesmo, cocós da minha filha, que treinávamos imaginariamente cá em casa. Depois de criada a equipa, ocupámos o resto dos dias cheios de bola a criar os adeptos. Foi muito gratificante liderar uma equipa com esta garra, sobretudo porque me salvou de uma euforia entediante de super-sebastiões, super-bandeiras, super-jogadores, super-adeptos, super-helicópteros lusos, e eu já não aguentava mais. Até tínhamos um patrocinador oficial: a Gilette.
A Super-Beze-Biruta anda frouxxxxxxxxinha, mas não morreu, ai isso não!
Enquanto volta e não volta, ataca e se esconde, eu VW, cá vou pensando como me ensinou o PSI (não não foi o PSI, que só lá fui uma vez, mas alguém foi, ora aqui está um bom exercício de memória para adormecer): pensar em cada problema à medida que o prazo de resolução de esgota, ou seja, dois dias antes.

Caiê disse...

Não sei falar muito sobre heroínas, porque não faço parte dessa equipa. Também não casei com um herói. Somos os dois pessoas bastante Anormais, que vivemos o dia a dia o melhor que podemos e sabemos. Não é o que toda a gente faz? Irritam-me muito os conselhos "pronto-a-usar" que muita gente parece ter hoje para a vida; se são assim tão fenomenais e espectaculares, porque é que a maior parte vive cheio de frustrações?
Abraços, moças.
A propósito, uma das gatas lá de casa teve bebés. Mãe é mãe. eh eh eh!

Isabel Freire disse...

Querem também ser super-birutas?
:)
E que tal no próximo Domingo o chá das super-birutas?

Isabel Freire disse...

Birutas, mas não submissas!

Isabel Freire disse...

Caiê, parabéns a essa fêmea felina! Tens razão, mmá que é mmá, não discrimina em função da raça. Além disso, essa bichana é bem capaz de sofrer dilemas semelhantes.
Abraços aos filhotes, aos pais, e a ti também.
VW

péssima disse...

Pois eu gosto de super heróis, e de algumas super heroínas também. Se pudesse escolher a minha próxima vida seria uma ActionWoman: sem homem, sem filhos, sem gatos, sem cães, sem bichos da seda, sem piriquitos, sem fome, sem roupa, sem casa, sem computador, sem calor, sem frio, sem dor, sem nada que me prendesse e com uma conta bancária com dezenas de zeros à direita, para além de muitos e muitos vícios.

Quanto à birutísse… já ando a roçar-me na demência há uns tempos, o próximo passo só pode ser a alienação.

Anónimo disse...

Eu odeio aqueles mails muito agradecidos às mães e mulheres que antes de se deitarem fazem dezenas de coisas enquanto o homem diz que vai para cama e já está (estou a me lembrar do último que recebi). Vão directinhos para o lixo. Para mim é uma forma escamoteada de elogiar a mulher que assim procede e mantê-la/senti-la responsável pelas imensas merdices que há para fazer por casa. Eu em minha casa só começo a fazer trabalhos domésticos qdo estamos os dois, e cada um trata de um assunto. Qdo chego antes do maridão fico só a brincar com a pequenada. Não me sinto incomodada se as coisas não estão lá muito bem feitas... com excepção de uma ou outra mania. Sinceramente tb nunca tive jeito para tarefas domésticas, por isso comigo não há desculpas para não se fazer (não é ajudar... que isso de ajudar é uma forma de inconscientemente aceitarmos que ao homem basta dar uma ajuda, ao invés de PARTILHAR TODO o trabalho). O carro e o lixo mantém-se matérias masculinas, de resto é o que calha.

Mimi disse...

pois mxt, concordo plenamente contigo. é engraçado como esta bloguice me tem ajudado a clarificar ideias. sinceramente, acho que grande parte da minha irritação é comigo própria - ou seja, como é que eu deixei que as coisas chegassem a este ponto de saturação pessoal.
Felizmente as coisa começam a clarificar-se (dentro de mim) e, melhor ainda, a minha agenda até ao fim do mês está carregadinha de festas.
Decidi voltar a pensar em mim, está decidido.

anónima - acho bestial essa de ficares com os miúdos e de só voltares a labutar quando o teu marido chega. vou fazer o mesmo.