domingo, 28 de maio de 2006

Leituras de Infância

O Segredo

As mesas sempre tiveram quatro pernas e davam-se muito bem com o sistema.
Mas os tempos são outros. Tudo quer ser melhor, tudo quer ser diferente.
Certa mesa pôs a quarta perna fora e ficou só com três.
As velhas mesas riram-se mas não disseram nada.
Vai outra mesa e disse com os seus botões:
- Quem pode viver sem uma, pode viver sem duas. E até, bem vistas as coisas, uma perna pode ser bastante.
As velhas agora foram aos arames:
-Parece impossível, tantos modernismos!
-Isto é uma mesa do Coliseu!
- Já não há respeito, já não há nada!
Pois sim. O pior estava para acontecer. Foi a irmã mais nova que um dia , sem mais nem menos, ao voltar da escola, apareceu sem nenhuma perna. A questão é que se mantinha em pé e fazia o serviço como as outras.
Olha lá - perguntei-lhe eu - Como é que estás de pé sem teres pés?
Ela piscou-me o olho:
- É segredo. As velhotas estão danadas...
- Diz lá...
- Juras que não contas a ninguém?
- Juro.
E disse-me.
Claro que vocês também gostavam de saber. Mas paciência. Segredo é segredo.

(uma das) Histórias com Juízo de Mário Castrim

Mulheres e Maridos
Mulheres, sejam submissas aos vossos maridos. Desse modo, mesmo se alguns deles não crêem na mensagem de Deus, hão-de ser conquistados para a fé pelo vosso procedimento. Nem é preciso vocês falarem, pois eles darão conta da vossa conduta modesta e respeitosa. Não procurem a beleza exterior pelo arranjo do cabelo, jóias de ouro e belos vestidos, mas que a vossa beleza esteja no interior do coração, belezaque não passa e que consiste no espírito de modéstia e mansidão. Essa é a beleza que tem o maior valor diante de Deus. Era assim que outrora as santas mulheres que esperavam em Deus procuravam ser belas: eram submissas aos seus maridos. Assim foi Sara, que obedecia a Abraão e lhe chamava seu senhor. Se fizerem o bem e não tiverem receio de nada, serão autênticas filhas de Sara.
Maridos, saibam igualmente viver com as vossas esposas, tratando-as com amabilidade, tendo em conta a sua natureza feminina. Respeitem-nas, pois têm parte com vocês no privilégio da vida eterna. Procedam assim para nada perturbar as vossas orações.
(excerto da) Primeira Carta de Pedro, O Novo Testamento.

4 comentários:

Mimi disse...

imagem tirada daqui: http://dzieci.wp.pl/id,1533,katid,25,p,5,ciekawp.html?ticaid=11af8

Isabel Freire disse...

MM, vinha eu hoje a conduzir o meu carro à beira Tejo e a frase insistia em insistir: Fim à escravatura feminina doméstica! O doméstico é muito redutor. Precisava de um substantivo mais largo. Acho uma grande coincidência ao texto bíblico e gosto muito da ideia de mesas sem tentáculos. Antes de a minha filha nascer dormi 3 anos numa cama com três pernas e 1,20m de altura. Serrámos-lhe a altitude aos 6 meses de gravidez, até porque a subida lá para cima era por uma antiga floreira pouco estável. É impressionante termos levado 3 anos a pensar arranjar uma escada. No filme o menino da selva, o urso canta uma música com o seguinte refrão: "necessário, somente o necessário, o extraordinário é demais..."

Isabel Freire disse...

Atenção, o necessário não é pouco.

péssima disse...

‘Perdi’ demasiado tempo da minha vida a dar valor a coisas insignificantes, todas elas com quatro pernas, claro. Hoje sei que quanto menos tens menos perdes. Para mim, o não ter é uma vantagem.