quinta-feira, 11 de maio de 2006

Passar à Acção

Sugiro que explorem esta página, com tempo. Sim, todos temos tempo escondido, procurem-no! O Graal em Portugal tem por trás nomes como o de Maria de Lourdes Pintasilgo, uma grande mulher e, para já, a única primeira-ministra por estas bandas.
Além do conceito do Banco do Tempo, que também está na origem da criação das MMAS, chamou-me a atenção a Consultoria sobre Trabalho e Família. Esta é uma das nossas queixas mais frequentes e não faz sentido aceitar as coisas como elas são. Afinal, o mundo é composto de mudança e a união faz a força. Ou não?

Quando comecei a trabalhar no meu actual emprego depois de ter sido despedida grávida, estava completamente traumatizada. Mas estando a entrar para os quadros de uma empresa pública, pensei que finalmente o meu tempo de sindicalista ia terminar. Afinal, ali, onde um acordo de empresa reza que se deve promover a conciliação trabalho/ família, a coisa devia ser respeitada, certo? Ora, precisamente por ser uma empresa pública, por o país estar em crise e por os administradores terem como única preocupação demonstrar bons resultados económicos à agência Lusa e ao Governo, o corte nas despesas (que não estou aqui a contestar) está a ser feito às cegas e com total insensibilidade social.

Mas, de que adianta chegar a esta conclusão, se nos limitamos a constatar e a não contestar? Hoje sugiro-vos que deixem germinar nas vossas cabeças a ideia de promover um inquérito nos nossos locais de trabalho, que determine se a empresa é ou não Amiga da Família. A TAP, e estou a falar de cor, já ganhou um prémio nesta área. Tendo trabalhadores por turnos, tem um infantário. Ora, eu trabalho por turnos e cada vez me complicam mais a ginástica diária entre os meus horários, os do pai e os da escola.

Eu digo que a crise não é desculpa para tudo. E que, pelo contrário, se há crise, é evidente que as famílias andam à rasca. Para quê complicar-lhes ainda mais a vida? Será alguém que não tem quem lhe vá buscar o filho à escola vai estar a produzir alegremente? Ou será que fica a maldizer o emprego e o patrão? Não seríamos todos mais produtivos se família e trabalho não chocassem? É preciso passa à acção.

10 comentários:

mai xinti disse...

Há uma espécie de "ficar à espera a ver o que acontece" (como a nêspera) que não nos abandona. Lembro-me de há muito tempo eu questionar as minhas colegas com filhos porque não insistiam com a administração da empresa para criar um infantario no pp edifício, uma vez que eram muitos nessa situação e havia muto espaço nessa altura. Eu não tinha filhos, mas parecia-me uma solução prática para conciliarem as muitas horas extraordinárias que faziam com o cuidar das crianças. A resposta era sempre a mesma "AH, é complicado..."

mai xinti disse...

vou seguir o repto: aproveito o link ao graal (confesso que achei o site um pouco pobre de conteúdos) e vou lançar a questão: «o que achas que poderia ser feito por forma a melhor conciliar o teu trabalho com a disponibilidade para a família?»
E há que questionar mulheres e homens, pais ou não (porque tb não nos devemos esquecer que muitas vezes há quem cuide de idosos nas suas casas ou quem o não possa fazer)...

péssima disse...

Pois é!
Eu nunca fui trabalhadora por conta de outrem enquanto grávida ou mãe, por isso apenas consigo imaginar ao de leve essa situação, mas compreendo-a e sou solidária. Também nunca tive nenhuma grávida a trabalhar a meu cargo, por isto não sei o que é que me implicaria em termos profissionais.
Se por um lado defendo o tempo/espaço/dedicação da gravidez (porque sou mãe e sei o quão importante é) por outro percebo a falta que uma mulher pode fazer ao bom funcionamento de uma empresa. Se não se esquecerem ambos lados penso que é fácil arranjar soluções. Mas claro, isto sou eu aqui a pensar na minha experiência de pequena empresa (na altura tinha 16 empregados e todos eles faziam falta).
Honestamente acho que esta questão dos tempos é mais complexa e a gravidez é, muitas vezes, uma desculpa mais do que um querer.
Desculpa para as mães, porque assim continuam a receber o salário sem trabalhar (produzir na empresa). Apesar da amamentação, coisa que seria resolvida com as creches nos locais de trabalho ou muito próximas a custos justos, os pais podem perfeitamente ficar um período de ‘licença de parto’ dividindo assim o tempo e criando laços mais íntimos com os filhos (porque quer se queira quer não é no primeiro ano de vida que tudo se consolida). Essa mesma desculpa maternal é convertida em queixas e culpas e passado muito pouco tempo o prazer de se ser mãe transforma-se no peso de se ser mãe: “estou em casa mas não posso sair”, “estive todo o dia aqui enfiada com a criança a chorar, agora é a tua vez”, “estou desejosa de tornar a trabalhar”. Claro que como em tudo há excepções, como disse no início isto sou eu a escrever porque nunca passei por esta situação. No meu caso, o primeiro filho nasceu já eu trabalhava por conta própria, e apesar de não ter tido licença de parto, reiniciei o trabalho após 15 dias do parto, tive a hipótese de ter a minha criança comigo até aos dois anos. O segundo filho esteve comigo até aos 4 meses, mas continuei com ele até ao um ano em part-time, só ía à creche da parte da tarde, e continuou a mamar até aos 8 meses. Outra questão importante, no meu caso, é que sempre tive o meu marido presente 24 horas, e confesso que ele é muito mais pai que eu sou mãe. Mesmo apesar da minha ‘facilidade’ houve dias em que eu sonhava em ter um emprego apenas para me distanciar.
Por outro lado é uma desculpa e preocupação dos empregadores. Reparem: imaginem uma unidade fabril com 90% de trabalhadoras fêmeas e todas elas em período fértil, imaginem a hipótese (remota) de engravidarem 50% dessas trabalhadoras, imaginem a quebra de produtividade e consequentemente a ruptura financeira. Mesmo que uma empresa consiga substituições temporárias isso levanta custos que podem implicar dificuldades no pagamento de ordenados, o que leva a situações ainda mais dramáticas.

Raios, esta coisa está enorme e eu estou para o lerdo e ainda não me expliquei convenientemente.
Resumindo, não podemos pensar só em nós. Qualquer uma das nossas atitudes têm consequências que interferem com os outros. E isto é válido tanto para empregados como para entidades empregadoras. Está nas pessoas levantar as questões e nos políticos encontrar soluções.

Este pode ser um bom tema de debate para um próximo encontro.

Mimi disse...

?????????????????
custos para a empresa, péssima? quais custos??????????????????

amamentar no local de trabalho????????????????? isso era o que me dizia o imbecil: que podia amamentar lá a criança enquanto trabalhava!!! A amamentação tem que ser uma coisa tranquila, Péssima!

Pensar só em nós? Brincamos? Não achas que a licença de parto é do bebé? A licença de parto É do bebé!
Há uma diferença entre apanhar otites com um mês ou com 5 meses...

Sinceramente, acho que estás a misturar alhos com bugalhos!

péssima disse...

: ))))))

Não me expliquei bem. Na próxima sessão explico-te melhor o meu ponto de vista, que isto escrito é-me complicado.

(A amamentação a que me refiro é após os 4 meses, por isso referi que eu dei de mamar aos meus até aos 8/9 meses)

mai xinti disse...

E se convidássemos alguém do Graal ligado à elaboração do tal documento que pretende dar directivas para este tipo de gestão de conflitos, para vir participar numa sessão MMA's?

Isabel Freire disse...

Acho boa ideia MXNT.
Em relação ao tema, não tenho muita experiência de causa. Quando engravidei e no primeiro ano da minha filha, trabalhei por conta de outrém, tinha um horário flexível, cumpri os 4 meses de direito, e voltei à minha cadeira até deixar a empresa por vários motivos (situação económica altamente débil, salários atrasados, ausência de projectos, muitos dias a olhar para a parede). O meu chefe não compreendeu, e apesar de todos os factores, achava que devia deixar-me ficar,... até um dia! Abriu-me a porta de saída, mas não aceitou despedir-me. Foi o que fiz, BAZEIIIII! Como uma mão à frente e outra atrás, furiosa, fodida mesmo!
Compreendo perfeitamente as vossas preocupações e reivindicações. Aproveito-as como plataforma de conhecimento e partilha. Efectivamente, nos dias que correm, é cada vez mais complicado conciliar trabalho e família.
Até parece que as crianças são de borracha, robôs, criam-se sozinhas como as plantas.
Hoje, sou dona do meu tempo. Pago caro a minha (in)disciplina e (ir)responsabilidade. Ou melhor, tudo o que consiga de bom e mau, pertence-me. É um bocadinho assustador, sobretudo na actual conjuntura económica, mas é uma aprendizagem de vida. De qualque modo, finco pé por os direitos que se fingem muito bem fingidinhos, mas na prática são absolutamente esprimidos.

Mimi disse...

mx: acho óptima ideia! aliás, só falei no Graal porque o meu macho latino se cruzou com alguém da associação. falou-lhe nas MMAS e ela deixou um contacto de telemóvel.
primeiro, podemos ficar a saber mais sobre o que está a ser feito para conciliar família e trabalho -que ferramentas há à nossa disposição e etc. e tel. e depois também é uma forma de pôr os vários movimentos de mulheres em contacto.

pssm: desculpa lá o mau humor de ontem, mas esses teus argumentos trouxeram-me más memórias. é que eu ouvi que ficar 4 meses em casa seria um prejuízo para a empresa e outras coisas bonitas do género, o que ainda por cima é mentira: quem paga os ordenados é a segurança social (para a qual desconts todos os meses) e existe uma coisa chamada contratos de substituição. eu própria já substituí uma mamã durante 3 meses. não suporto esse tipo de argumento, percebes? foram praticamente 9 meses a ouvir coisas dessas para depois ser despedida!
o trauma foi mesmo grande, acredita. também podemos falar do papel da CITE um dia destes. A CITE é a Comisssão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego e que no meu caso não funcionou. Fosse eu uma pobre ignorante e ainda hoje o tipo andaria a despedir grávidas...

péssima disse...

Sim sim, é uma óptima ideia.

MM: :))))))))
Tu tens piada mal disposta eheheheheh

Expliquei-me mal. Este é um assunto de páginas e páginas e magotes de letras e a minha capacidade de síntese escrita é muito má, mas está prometida uma luta de lama por ideais iguais e métodos diferentes, ou não, mas a luta fica-nos sempre bem ;)

Mimi disse...

Não, não, explicaste bem - eu percebo o que é que queres dizer. A argumentação é que não foi a melhor! Este assunto...