segunda-feira, 22 de maio de 2006

insegurança

O ciúme surge em relações amorosas devido a factores como: comparação, competição e medo da substituição.
(…)
Concluindo, a maneira básica de prevenir o ciúme é transformando-nos numa pessoa única e irrepreensível. E sendo autênticos será a melhor maneira de transcender a ameaça de ser substituído por rivais em potencial.

Perdemos demasiado tempo da nossa vida com coisas pequenas. Confundimos o amor com a eternidade. A possessão com dado adquirido. A compreensão com benevolência. O dizer com o fazer. O supor com o concreto.
Eu não acredito no amor, acho que já o referi uma ou outra vez. Não no amor adquirido e eterno. O único amor que consigo conceber é o incondicional, e esse só aos meus filhos pertence. Mas há a amizade pura, o companheirismo, a cumplicidade, o gostar de estar, de participar, de fazer participar. E acredito que por vezes precisamos de abanões, internos e externos para nos lembrar quem faz parte de nós, quem precisamos realmente. Quem é que, independentemente dos actos, está ali mesmo que, por vezes, com palavras menos agradáveis. A isto chamo confiança. E esta confiança não se adquire, não se conquista, não se altera. Ou se tem, ou não se tem, quer a pessoa alvo de confiança viva ou não fisicamente connosco. Assim mesmo de forma simples sem esperas e sem dádivas. Eu passei muitos anos da minha vida familiar a culpar-me de uma ‘perda’ de confiança sem razão de ser. E dei-me conta que afinal a razão dos meus actos que levaram a essa ‘quebra’ de confiança foram a minha reacção defensiva a essa mesma não-confiança prévia injustificada e incompreensível. Ultrapassei o caso, não quer dizer que as outras pessoas envolvidas o tenham ultrapassado. Estas coisas têm de ser conquistas individuais. Eu nunca conseguiria confiar em ninguém se primeiro não confiasse em mim, demorei dez anos mas hoje posso dizer com naturalidade que confio em mim, sou-me honesta com o que sinto, mesmo que isso possa magoar ou levar a outras interpretações, é um problema que não posso resolver. Cabe a cada um perceber-se. Por vezes, quando não estamos tão bem ou por puro prazer (não sexual), precisamos de outras pessoas. Esse precisar não implica de forma alguma uma substituição mas é como geralmente é interpretado. E aqui voltamos ao início: o ciúme. Primeiro é feita uma comparação dependendo dos resultados partimos para uma competição. Se competimos tentamos baixar as defesas do alvo com jogos psicológicos para que a conquista seja mais fácil, mas se o alvo não baixa a defesa usamos todos os meios disponíveis para nos mantermos em jogo e não sermos substituídos. É aqui que entram as acusações, as ameaças as realidades e irrealidades em forma de ping-pong. Chegamos ao fim cansados. Pior que isso é sabermos à partida que não há vencedores nem vencidos. Ridículo, portanto.
Cada um tem de lutar para estar bem consigo próprio, aceitar as pessoas tal como elas são, aprender a ouvir e a falar sem preconceitos e ideias pré-definidas, não ter medo de julgamentos e não ter medo de julgar, e conseguir perceber que temos o livre direito de mudar de opinião da manhã para a noite. Muito pouca coisa é eterna. Mais vale desfrutar o que se tem enquanto se tem e não exigir demasiado. Amanhã é sempre outro dia, quem sabe se estaremos vivos?

4 comentários:

Mimi disse...

Pois, ciúme, vamos lá.
Eu acredito que não seja sequer ciúme, que seja apenas uma faca afiada. Uma acusação que está lá para ser feita quando não há realmente nada a dizer. É isso que me lixa. Não havendo nada a apontar, inventa-se. Usando o passado como motivo para credibilizar a acusação. Topas? Dá jeito, pronto. É isso e só isso.

Isabel Freire disse...

Outro dia a falar com uma amiga que já tem mais de 50 anos (uma mulher que admiro bastante), ouvi-a dizer que nunca, mas nunca,... tinha falado aos seus companheiros do passado dela, e que sabia que o actual namorado pensava que esse histórico tinha sido muito hard core, mas depois de uma gargalhada rematou: - o que ele não sabe é que aquilo que ele pensa não chega aos pés disso que fui e fiz. Eu pensei que havia coerência absoluta nesse silêncio, por uma questão de identidade. O meu companheiro é muito reservado com o passado dele, eu nem por isso. Mas sempre me intriguei com tal capacidade. Parece-me óptima idea.
De facto, uma relação a dois não é nada fácil. Porra, é evidente. E acho que uma das coisas essenciais é essa margem de impenetrabilidade essencial para que não percamos o eu pelo caminho. Não é simples fazer e é da responsabilidade de cada um. Mas sem ela o buraco da esquizofrenia é muito largo. Da mesma maneira que preciso libertar-me da maternidade, just for a minut, a day, a week, a month, também me preciso libertar da conjugalidade por esse tempo, mas a duplicar. Os casais que passam férias separados devem viver mais tempo juntos. A minha melhor passagem de ano foi sozinha, sem namorado nem amigos de programa. Um dia conto. Prezo muito a minha autonomia, e espero aprender a respeitá-la e a viver com ela da melhor maneira ao longo da minha vida. A minha filha é um elemento novo, absolutamente único que me vai acompanhar sempre. De resto, como dizes, tudo é relativo, nomeadamente a própria existência.

Anónimo disse...

estando perto dos 50, e carrgada de considerações, ilusões e o que mais possam imaginar sobre o tema, julgo mesmo que: O cíume ataca quando mais se espera. Tão só. Espera-se, e alguém não cumpre. o porquê não interessa nada.

Anónimo disse...

Muitas vezes o ciúme e a desconfiança acontecem quando não tem motivo, baseados em informações falsas, isso é o pior de tudo