
Adeus Mães MMàs! até à volta....
As ‘mmás’ são um espaço e um tempo para experimentação não isolada. Uma forma de sair do armário da maternidade, com liberdade para que mães, mulheres anónimas, se exponham, se interiorizem, se lembrem, se banalizem, se encontrem, se distanciem, se analisem, se ilibem ou o que bem entenderem.
Vejo-a daqui, sentada na minha mesa de confessionário. Tem o tronco despido. Amamenta agora mesmo o segundo filho que o supermercado do bairro quase viu nascer justo ao lado da caixa dos euros. Ninguém me contou, descansem que não é boato. Fui buscar umas cenouras para alaranjar a sopa, e lá estava ela! Sentada, pálida, ofegante, volumosa, com a barriga a parir-se para todos os lados e a filha de dois anos a tentar sacar um chocolate à prateleira forrada com bordadinhos a oiro.
A dona do shopping já tinha chamado a ambulância, só que a carrinha de vidros foscos fingia-se surda, parada no trânsito, de agenda ocupada. E a senhora do Congo lá ficou. Os lábios, que já eram grossos, tornaram-se num pastel carvão. Coisa nunca vista. A criança nasceu. Já cavalga no seu dorso para cima e para baixo, a caminho de uma África que só existe na imaginação, faça sol em bica ou bica de chuva.
Intrigam-me ainda os seus lábios negros. Aquele fogo animal de uma mulher sozinha a milhares de voos de voltar para casa. Aquele caminhar cambaleante, a teimosia de não querer ir para o hospital ter um filho, a luta que foi enfiá-la na carrinha, o marido que só chegou muito mais tarde, e uma vida coerciva, entre um filho e o outro, um apartamento de vidraças partidas e o supermercado que faz as vezes da roça.
Acho que os lábios da senhora do Congo são um fenómeno sobrenatural. A Lisboa também tem boca sem ir a Roma, e é negra sem plantar café.
1. Não fosse o Harry Potter e estaria o planeta condenado a pensar à priori nas bruxas como mulheres.
2. Qual o sexo da maioria dos leitores da secção de astrologia nos jornais? – pergunta difícil, já sabemos.
3. Serão as gajas mais dadas a questões espirituais/esotéricas/místicas? – dão-se alvíssaras a quem se opuser ao cliché.
Foi mesmo por um grande acaso – ??? – mas no dia da mãe, as MMÁs estiveram à roda da fogueira (desta vez não houve chacina), a ouvir uma mulher, também mãe, ‘bem bruxa – eheheheh, ainda bem - e mais moderna’ Patch falar sobre o que é isso das cartas de Tarot.
Não houve consultas nem premonições, a sorte e o azar não foram palavras de ordem, felizmente, e não se pedem conselhos sobre o carro a comprar, o marido a emprestar, os filhos a educar. A lógica é de self-qualquer-coisa, com direito a explicações detalhadas de muitos mitos que as cartinhas trazem representados. Foi bom sair do prático, material, científico, rectilíneo, for a change!
Obrigada Patch pelas palavrinhas de veludo, e as cartinha de entrudo!
PATCH
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