
Adeus Mães MMàs! até à volta....
As ‘mmás’ são um espaço e um tempo para experimentação não isolada. Uma forma de sair do armário da maternidade, com liberdade para que mães, mulheres anónimas, se exponham, se interiorizem, se lembrem, se banalizem, se encontrem, se distanciem, se analisem, se ilibem ou o que bem entenderem.
Mulheres e Maridos 






Vive cá no bairro há três anos, tem cabeleira ananás, despenteada, lábios grossos, corpo de escavadora, e não gosta do país. Sei, apesar de nunca o ter dito assim: Não, não gosto do país.Vejo-a daqui, sentada na minha mesa de confessionário. Tem o tronco despido. Amamenta agora mesmo o segundo filho que o supermercado do bairro quase viu nascer justo ao lado da caixa dos euros. Ninguém me contou, descansem que não é boato. Fui buscar umas cenouras para alaranjar a sopa, e lá estava ela! Sentada, pálida, ofegante, volumosa, com a barriga a parir-se para todos os lados e a filha de dois anos a tentar sacar um chocolate à prateleira forrada com bordadinhos a oiro.
A dona do shopping já tinha chamado a ambulância, só que a carrinha de vidros foscos fingia-se surda, parada no trânsito, de agenda ocupada. E a senhora do Congo lá ficou. Os lábios, que já eram grossos, tornaram-se num pastel carvão. Coisa nunca vista. A criança nasceu. Já cavalga no seu dorso para cima e para baixo, a caminho de uma África que só existe na imaginação, faça sol em bica ou bica de chuva.
Intrigam-me ainda os seus lábios negros. Aquele fogo animal de uma mulher sozinha a milhares de voos de voltar para casa. Aquele caminhar cambaleante, a teimosia de não querer ir para o hospital ter um filho, a luta que foi enfiá-la na carrinha, o marido que só chegou muito mais tarde, e uma vida coerciva, entre um filho e o outro, um apartamento de vidraças partidas e o supermercado que faz as vezes da roça.
Acho que os lábios da senhora do Congo são um fenómeno sobrenatural. A Lisboa também tem boca sem ir a Roma, e é negra sem plantar café.
Ando há dias enfiada num rápido, com os pés e as mãos a (des)travar o meu impulso, que corre mais depressa que as águas. Não sei o que me deu. De repente, enrolei os tapetes onde escorregava de manhã à noite, fechei os armários desarrumados, desliguei os lembretes do futuro, desarmei-me, e estou pior que o povo estará daqui a dias, quando a festa da relva cortada e da bola giratória lhe adormecer o cérebro, as pernas e os braços, o coração, o sexo e as carteiras. É a alienação no seu melhor. Estou alienada e não quero saber um corno. Que se lixe. Sei lá como vai ser sei lá. Agora só resolvo problemas a 24 horas de terminar o prazo, os meus planos a longo prazo nem sequer chegam às férias, as minhas contas pagam-se quando o banco quiser e eu nem confiro saldos. Cá em casa durmo até mais tarde quando não consigo mexer os músculos e aviso a minha filha: Inanidade, a mamã está inane. Com o meu companheiro, ironizo toda a negrura, satirizo, viro costas e ainda mando gargalhadas bem alto. Não desperdiço nenhuma noite livre, bebo copos, ignoro-me e ignoro o que bem me apetecer.
O Artemanhas – Oficina de Expressão Artística - nasceu num anexo de um jardim e tem vindo a crescer de forma sistemática, consistente e harmoniosa. Funciona com grupos pequenos, de forma a investir em qualidade e tempo com cada participante e mantém o seu conceito original: “investigar, experimentar, reflectir e escolher, descobrir e aguçar as nossas manhas para exprimir o que guardamos cá dentro”.
É o autor do livro de fotografia mais interessante que tenho em casa. Hoje lembrei-me de lhe tirar a 'burka' e surpresa: what a lovely man!!!
Sentido de independência e vontade de ultrapassar a sociedade - duas características das personagens ibsenianas, segundo o director do Centro de Estudos Ibsen da Universidade de Oslo, ouvido por Joana Gorjão Henriques (Público) para um artigo sobre o autor norueguês.




Diz-se que a rádio faz companhia. Eu sou completamente viciada em rádio e é esta a companhia que elejo para tornar menos chatas as tarefas domésticas. Cozinho, passo a ferro, estendo roupa, limpo, arrumo, sempre com a rádio ligada. Até às refeições a nossa companhia é a rádio. Tenho vários aparelhos ligados pela casa, normalmente em estações diferentes. O nosso jantar é embalado pelo jazz de José Duarte na Antena 2. Já o pequeno-almoço costuma ter por banda sonora o ritmo frenético da TSF.
Sugiro que explorem esta página, com tempo. Sim, todos temos tempo escondido, procurem-no! O Graal em Portugal tem por trás nomes como o de Maria de Lourdes Pintasilgo, uma grande mulher e, para já, a única primeira-ministra por estas bandas.
A minha amiga C é filha única. Há quase três anos teve a M. Ontem pariu MR: "igual à M, mas com mais cabelo". C vive à rasca, como quase todos nós, mas não precisou de fazer muitas contas para decidir que não queria ter um só filho. Foi infeliz porque parece que os amigos imaginários nem sequer se dão ao trabalho de responder quando se fala com eles. C prefere abdicar dos pequenos luxos com que hoje os pais mimam os filhos únicos, para dar à M o que dinheiro nenhum pode comprar - UMA IRMÃ a sério.


1. Não fosse o Harry Potter e estaria o planeta condenado a pensar à priori nas bruxas como mulheres.
2. Qual o sexo da maioria dos leitores da secção de astrologia nos jornais? – pergunta difícil, já sabemos.
3. Serão as gajas mais dadas a questões espirituais/esotéricas/místicas? – dão-se alvíssaras a quem se opuser ao cliché.
Foi mesmo por um grande acaso – ??? – mas no dia da mãe, as MMÁs estiveram à roda da fogueira (desta vez não houve chacina), a ouvir uma mulher, também mãe, ‘bem bruxa – eheheheh, ainda bem - e mais moderna’ Patch falar sobre o que é isso das cartas de Tarot.
Não houve consultas nem premonições, a sorte e o azar não foram palavras de ordem, felizmente, e não se pedem conselhos sobre o carro a comprar, o marido a emprestar, os filhos a educar. A lógica é de self-qualquer-coisa, com direito a explicações detalhadas de muitos mitos que as cartinhas trazem representados. Foi bom sair do prático, material, científico, rectilíneo, for a change!
Obrigada Patch pelas palavrinhas de veludo, e as cartinha de entrudo!
PATCH
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