sábado, 4 de março de 2006

Três séculos de erotismo

As crianças começam por amar os pais. Passado algum tempo, julgam-nos. Raramente ou nunca lhes perdoam.
Vinte anos de romance arruinam uma mulher, mas vinte anos de casamento tornam-na em algo parecido com um edifício público.
As mulheres são um sexo fascinante e caprichoso. Toda a mulher é rebelde, geralmente revoltada contra si mesma.

*Excertos de Uma Mulher Sem Importância, de Oscar Wilde, que aqui vemos vestido de Salomé. Wilde foi grande amigo da mítica actriz Sarah Bernhardt, para quem escreveu uma peça sobre a mulher que não aceitou um não de João Baptista. O texto foi censurado e a diva não chegou a subir ao palco... em Londres. Porque Salomé foi bem recebida em Paris e Berlim. Poucos anos depois, já em 1905, a ópera homónima de Richard Strauss escandalizava a sociedade alemã. Hoje, a Dança dos Sete Véus é um insuportável sucesso da música clássica. Sarah Bernhardt continua a ser lembrada pelo comportamento escandaloso. Entretanto, actriz já não é sinónimo de puta. Mas ainda não nos perdoaram o erotismo e muito menos a extravagância. Este post atravessa três séculos.

5 comentários:

péssima disse...

Sorveduras

As crianças começam por nos sugar o leite quando nascem.
Depois sugam-nos a paciência
A alma
O ser
O querer
O dormir
Mais tarde sugam-nos os euros
O carro
A casa para um fim-de-semana
A paciência outra e mais outra vez.

E quando pensamos que tudo acalma elas presenteiam-nos com netos!

Como consolação fica o saber que nós já fomos e somos assim.

Mimi disse...

EU ACHO QUE ESSE É O GRANDE PRÉMIO DA MATERNIDADE: SER AVÓ!

Ainda me faltam uns... é melhor não fazer contas. Falta muito tempo. Mas espero que todas nós tenhamos já nessa altura uma conta bancária não pornográfica que nos permita ajudar os nossos filhos a criar os seus próprios filhos seja qual for a situação económica do país. O Sócrates que pague a crise.

Isabel Freire disse...

Acerca de sorveduras,... há muitas outras coisas que nos sugam energia e massa encefálica. O princípio da incerteza aplicado ao trabalho é um deles. Talvez um trabalho certinho sem incerteza nenhuma até tenha o mesmo efeito negativo (conheço alguns casos). Depois há o carro do lixo à 1h00 da manhã. A panela de pressão que é um relacionamento por muito maravilhoso que até possa ser. Até a metereologia. A neurologia. A escatologia. A inércia. A contabilidade. A política. A falta de espaço. A vizinhança. A fiança. A parologia.

Mimi disse...

O trabalho certinho também não paga contas, fora quando há salários em atraso - como nos aconteceu durante uns meses. Mas acho que é muito mais desequilibrante não ter rendimento certo.

descontentamento há sempre.

Isabel Freire disse...

... pois, acredito, o pior é que o rendimento incerto também chega 3 meses depois! E sem direito a despedimento com justa causa!