quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006

Concertezas


"Pelo facto de me parecer a mim - ou a toda a gente - que uma coisa é assim, não se segue que o seja. O que podemos perguntar é se faz sentido duvidar dela."
(*)





-Tenho passado bem, muito obrigada / 'Tou mesmo desnorteada.
-O amor não é um gajo estranho / Alguém me explique como funciona o botão?
-Tem calma! / "Parte, mas não vergues", citando uma mmá de referência.
-Apareça lá em casa um dia destes / Não te quero ver nem pintado.
-A mamã é muito grande, não cabe aí dentro / Juro que não consigo enfiar-me no armário a esta hora da manhã.
-Anda lá, a sopinha faz-te crescer / Foge, se eu tivesse de comê-la, também batia com o pé.
-Os meninos já estão todos a dormir / Quais?
-Não te preocupes eu vou a pé /scheiss... vou chegar atrasada.
-Ia agora mesmo ligar-lhe / Porra, esqueci-me completamente deste!
-Qualquer dia vou-me embora / 'Tou a ver que não me livro mesmo disto.
-Com os meus melhores cumprimentos / E é tudo, ponto final parágrafo, se quiseres responde.

Catch you if you can!

(*)Wittgenstein, "Da Certeza"

13 comentários:

Isabel Freire disse...

The West Windsor Police Department is investigating a theft by deception case that occurred in the Best Buy store located in the Nassau Park Shopping Center on Saturday May 30th 1998.

The unknown W/F pictured in the attached Best Buy surveillance video still photograph, used stolen identification to open up a charge account to purchase $3,000 worth of computer equipment. The W/F suspect after leaving Best Buy was last seen getting into a small silver car, possibly a Chevrolet Cavalier with white background license plates, driven by a stocky B/M who was approximately 5'10" - 6' tall.

The identification used by the W/F suspect was obtained in a pick pocketing incident that occurred in New York City on Tuesday, April 21st 1998. This same stolen identification was also used to open up similar charge accounts in unknown north Jersey area Sears, Macy's, Fortunoff, Costco and Comp USA stores, where additional fraudulent charges were made.

The suspect was described as being approximately 30 - 35 years old, 5'9" tall, approximately 135 lbs, with black hair and brown eyes.

Anyone with information on the identity of the W/F suspect pictured in the surveillance photographs is asked to call Detective Michael Dansbury of the West Windsor Police Department at 609-799-1222.

Contact: Detective Michael Dansbury
West Windsor Police
(609) 799-1222

Anónimo disse...

E o que fazer com os que dizem mesmo o que pensam? Enjaulá-los a todos?

"Não devias falar assim com as pessoas"; "Escusas de ser antipática"; "Tens mesmo mau feitio"; "Hás-de aprender a ficar caladinha"; "Com essa atitude não vais a lado nenhum"

Qual atitude?

Agora já sei finalmente o que é uma mentira piedosa - é piedosa para os que mentem, que não aturam as reacções engarrafadas dos ofendidos. Aqui no blog podemos dizer o que pensamos, não podemos?

Um exemplo de uma das minhas performances, que mui prezo. Para a minha agora ex-chefe (reformou-se agora, uf...): "Essa demonstração de autoridade é para quê? Para eu saber que mandas em mim? Eu sei que mandas - és minha chefe, é óbvio. Isso não passa, portanto, de uma demonstração de fraqueza"

Ou ainda: "Talvez seja melhor falares mais baixo, que eu assim concentro-me nas caretas de fúria que estás a fazer e não consigo ouvir nada".

De vez em quando despedem-me. Não percebo porquê. Não gosto de sapos, mas as pernas de rã fritas acho-as muito boas. E de tomatada também vão bem.

Anónimo disse...

ora nem mais!

li essa frase enquanto estudava para um exame da faculdade e parei para pensar, precisemante, em situações como as que estão escritas aqui: aquelas em que dizemos uma coisa e pensamos/sentimos outra completamente diferente. tenho feito muito isso. e quero muito parar de fazer. porque, às tantas, já não sei se digo o que sinto, se sinto o que digo, se não sinto mas digo ou se sinto mas não digo. enfim...

:)

a minha ausência por estes lados está justificada no meu cantinho. :)

Isabel Freire disse...

Inês, aqui no Blog podemos dizer o que queremos e eu até asneiras digo. Ando muito farta do que não se diz. Estou farta do faz-de-conta-que-é-assim-mas-afinal-é-só-assado. E tenho sido uma desbocada em muitas situações. Mas mesmo assim ainda tenho muitos sapos atravessados na goela. Estima e preserva o mau teu feitio.
O Wittgenstein é um filósofo da linguagem, e é pela boca que morre o peixe (neste caso, fechada).

péssima disse...

Eu não digo tudo o que penso.
Mas digo muita coisa sem pensar.
E reservo-me o direito de pensar tudo o que não digo.
Ou pensar o prazer de dizer e dizer em pleno gozo de pensar.
Isto é: nem sempre sei o que digo, mas também não estou muito preocupada.
Desfruto de ir dizendo, ou pensando, sempre que quero.
A frontalidade do ser-se e dizer-se traz tanta consolação como dissabor, por isso é bom não esquecer quem ouve, e como o ouve.

péssima disse...

E dito isto digo ainda que passei duas horas no Museu do Chiado. Depois sentei-me na Brasileira, conversei embalada pelo som de viola, alimentei-me do contraste do sol com a aragem e soube-me muito bem, mesmo, mesmo muito bem!

putafina disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
putafina disse...

Apesar de já a ter conseguido acalmar ao colo, coloquei a pequena Beatriz a chorar na cama e fui a correr à casa de banho onde o Tomás tentava explicar ao pai, debruçado no lavatório: "Não, não é assim!!! A 'toala' é à 'fente'!!!"
O Tomás é o meu sobrinho de 4 anos (a completar no último dia deste mês).
Não pude deixar de socorrê-lo depois de uma noite de verdadeiro vómito. Eu e ele tínhamos inventado nas últimas 10 horas uma rotina bem gira para receber o Gregório, resultado de uma virose que viajou até ele de Vilamoura até Lisboa, a bordo da pequena de ano e meio, a de há pouco, a prima!
Para ele era a primeira vez que se deparava com o vómito. Para mim, era uma estreia no socorro a um sobrinho que por tal experiência nunca tinha passado.
Ficava deitada bem junto a ele, e escutava o mastigar que antecedia sempre o momento de aflição.
Nessa altura agarrava nele cuidadosamente, e levava-o em cadeirinha até à casa de banho, o mais devagar possível para lhe transmitir calma e o mais rápido que conseguia para que o Gregório não ficasse pelo caminho.
Sentava-o então sobre a minha perna, apoiada na banheira, punha uma toalha à frente da boca dele e era aí que ele deixava o motivo do enjoo. Depois lavávamos a boca e levávamos uma outra toalha lavada para a cama. Repetimos a operação até ser dia, exaustos.
À penúltima vez, a nona ou décima, já nem sei, perguntava: "Achas que ainda vou ter mais porcarias na barriga, tia?"
Falta dizer que o pai do Tomás estava nessa noite no Algarve e a mãe tinha uma daquelas barrigas que não nos deixam ver os pés. Agora já não tem. O Tomás já é o irmão do meio. A Mariana nasceu dia 2 de Fevereiro. Daí a romaria de duas famílias que têm residência no Algarve.
Entrei na casa de banho e estava ele com um babete até aos joelhos... "Não é assim" - expliquei - "a toalha é mesmo à frente e não sobre ele"... Aí o Tomás sossegou e até já nem tinha mais porcarias na barriga. Falso alarme!
Foram 3 semanas de convívio intenso entre 4 paredes, com os meus sobrinhos, e entre os primos, claro: Quatro crianças a gritarem à mesa, a repetirem em uníssono deixas do Madagáscar, a inundarem a casa de banho à hora do banho, a porem os pais de rastos! Puzzles, almofadas, desenhos espalhados pelos 'cinco' cantos da casa! Foi tão bom!
Já lá vão 9 anos que partilho a minha vida com o Tiago, o meu sobrinho mais velho, e nunca como agora tinha estado tão perto dele. Sim, porque as situações extremas revelam-nos as pessoas de uma forma extraordinária.
Antes da noite com o Tomás, tinha passado a anterior com o Tiago, e o seu Gregório! À ronda escapou o Francisco, o meu filho mais velho, de 6 anos e meio, bem mais calejado nestas coisas dos infantários!
Depois das mudas de lençóis, pijamas, da esfregona a passear-se pela casa no breu da noite, do eterno sobressalto de quem estaria a vomitar, ficou o ruído deles!
Nunca fiz uma refeição sem me levantar da mesa. Por dia fazia 5 a 6 camas. Quando terminava de arrumar a cozinha, depois do almoço, já era tempo de tirar os iogurtes para o lanche. Nunca vi o noticiário na TV.
Mas foi tão bom!
As viroses também têm reverso. A maternidade da minha irmã também. Tenho mais uma sobrinha! Espero estar por perto quando ela precisar de quem lhe segure a toalha!

Isabel Freire disse...

Putafininha... que bom ter-te por cá. Muitos gregórios bem esgalhados, com pontaria certeira para todas nós!
:)
Bjs ao teu clã

putafina disse...

A apresentação que faltava... ou talvez não!
Porque nem sempre há tempo para os preliminares ou porque às vezes os acontecimentos se pricipitam sem termos mão neles, acabei por entrar no mundo virtual das MMAS por esta via meio atravessada, à boleia de um comentário que não era seguimento de coisa nenhuma.
Apesar do acto estar consumado acho que, na hora de acender o cigarro, devo dizer de onde vos chego!
Mas não sem antes soletrar "O-b-r-i-g-a-d-o" à mentora deste cantinho que é grandioso, pela capacidade de não largar os calcanhares de um instinto que apontava certeiro a uma necessidade globalmente feminina. Até daquelas que ainda não passaram pela porta da maternidade: uma sala, e não um corredor, onde se entra e se fica para sempre!
Essas, podem avaliar aquilo que as espera: Noites sem dormir, a cabeça a mil, o mundo do avesso, e um privilégio supremo em ser mulher!
Eu sou uma destas mulheres-mães, ou "Mães: Mulheres Anónimas"!
A minha sala é ampla, iluminada e cheia de recantos para redecorar à medida do tempo que faz lá fora, à medida do tempo que faz cá dentro, à medida do tempo que emana deles, dos filhos, à medida do tempo que eles e os outros me deixam ter.
Fora de portas, vivo de um jornalismo mal pago, reclamo no Centro de Saúde, transpiro nos serviços de Finanças, sou escrava da Segurança Social, e vivo a quilómetro e meio do mar. Sou por isso... putafina in Algarve!

péssima disse...

Bom começo Putafina.
Sê bem-vinda!

putafina disse...

Obrigado pelo carinho de Boas-Vindas, péssima, e, já agora, em maré de agradecimentos e cumprimentos uma salva de palmas às MMAS que não deixaram a vaginawoolf a falar sozinha! "Clap"!

péssima disse...

eheheheh,
e nós somos lá capazes de deixar a vagina a falar sozinha!!!!!! Mesmo sendo woolf? Naaaaa.