segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

Disciplina

PORQUE NÃO POSSO COMPRAR A DISCIPLINA NO SUPERMERCADO?
Dava-me tanto jeito que nem imaginam....
É...hoje estou completamente neura e a razão é aparentemente simples: tive de exercer autoridade (:)) de mãe, i.e. "ralhar", "chamar a atenção", ou sei lá eu que outros eufemismos podemos chamar a essa acção terrível que me vira as tripas do avesso que é a de levantar a voz, olhar fixamente os olhos e dizer "NÃO FAÇAS ISSO!" a um bébé que devolve-nos o olhar com os olhos vidrados e fixos de espanto, enquanto esboça um sorriso que se esmorece em pranto desamparado como se o mundo tivesse desabado. A seguir disfarço a água que me chega aos olhos e muito séria continuo a explicar a razão da minha insurreição; ele diz-me com os olhos que percebeu, mas que não me entende..."sou apenas um bébé e o facto de te bater com o frasco de pó talco e a seguir com a minha mãozinha sapuda é só para te dizer que gosto de ti e que hoje chegaste mais tarde do que é habitual - estou cansado e triste por não poder brincar contigo o tempo que gostaria...". Que raio!, porque não me disseste isso antes? Não era preciso ensaiares violência. Estou desfeita mas desconfio que agi bem, pelo menos agi para meu bem, mas isso não me conforta, sinto-me mesmo triste por ter de ser assim - a minha alegria enquanto educadora saltava o capítulo da disciplina, embora o "NÃO" faça parte do meu vocabulário de mãe há pelo menos seis meses. Enfim, para me consolar relembro a cena que se seguiu : qundo disse que "só miminhos" recebi-os em dose extra com direito a "topping" (leia-se abracinhos) e tudo. Chuif!Chuif! Sou mesmo cruel. Adeus e até amanhã.

9 comentários:

Isabel Freire disse...

A raposa adoooora o avô Manuel. É espantoso. Quando a segura no colo, aquilo parece mais sólido que a catedral de Sevilha. Ela de vez em quando vem a correr em voo para as suas pernas, trepa-lhe para cima, abraça-o e repete sem parar: adoro-te, adoro-te! O avô é implacável com a disciplina. E consegue a proeza de pô-la a dormir quando anda às voltas - podre -, mas sem vontade de pregar olho. Já para não falar no resto, na sopa, na fruta, na birra que desparece por milagre, enfim... uma coisa inexplicável.
O ´Vô' é lei e é prazer (a brincar, a passear, a conversar e aprender).

Isabel Freire disse...

ufa... WW isso descansa-me profundamente. Afinal não tinha macaquinhos no sotão! A leve sensação de que algo não batia certo verifica-se, mas a minha percepção/análise estão ambas muito em baixo!
:)

Mimi disse...

bem, vw, não podes ter azar em tudo! aqui as duas avós sobreviventes à mortandade masculina só sabem é estragar as netas...

hoje venho contar uma coisa que me deixou meia atónita e que vem bem a propósito do que contas, mmadona.
Tenho uma vizinha muito velhinha e de quem gosto muito. Aqui há uns tempos ela queixou-se da filha (é a filha quem mora com ela e não o contrário) e chorou. Esta filha já gamou as jóias de uma vizinha aqui do prédio e foi vendê-las à ouriversaria da rua, com uma grande lata. A dona das jóias descobriu e a cena meteu polícia em casa da velhina. Uma filha com um historial do piorio e não é drogada nem alcoólica. Estão falidas e a tipa não se habitua, pronto.

Como eu já não via a velhinha há algum tempo, resolvi ir visitá-la e ver se estava tudo bem. Estavam as duas de roupão a ver uma novela. A velhota tinha as sobrancelhas pintadas, sinal de que estava tudo em paz. Então a filha da velhinha começa com uma conversa absurda, a insinuar que eu espancava as minhas filhas. "As suas filhas gritam tanto - costuma bater-lhes?". E eu lá respondia pacientemente "sabe, as crianças gritam muito e estas são duas". E a outra continuava: "eu até já comentei com a minha mãe - será que ela as espanca?" (!!!!!!)
Quer dizer... fui lá ver se a velhota estava bem e acabei a jurar a pés juntos que não espancava as minhas filhas. Eu até costumo ter umas saídas airosas nestas situações absurdas, mas nesta fiquei tão atónita que nem reagia. Até contei o que tinha cozinhado para jantar e tudo, não fosse a outra acusar-me de matar as crianças à fome.
Seria uma estratégia para a velhota não se queixar da própria filha? - pensava eu, ainda influenciada pelas leituras dos cinco, dos sete e da patrícia...

E a tipa continuava - "ELAS ANDAM NA ESCOLA? E gostam da escola? É que gritam tanto de manhã, acordam a chorar! Acordam por volta das 7, 7h30, não é? E vão de livre vontade para a escola? É que gritam tanto logo de manhã! Elas gostam da escola?"
Ou ainda: "de vez em quando ouço assim umas vozes a sobreporem-se às delas: são vocês a gritar? Eu não consigo perceber nada, mas vejo que é gente a gritar. É o seu marido? Ou é a senhora?"

À saída ainda fez uma intriguice sobre o facto do cão dos vizinhos do r/c não ter uma casota, coitadinho do bicho (é um cão pastor, daqueles que dormem ao relento nas serras).

Só sei que voltei para baixo, a pensar que a nossa vida e a (imensa) vida das crianças se tornam para a vizinha de cima num filme de terror. E pensei ainda: caramba, gritam assim tanto e eu não noto? Eu sei que gritam, eu passo a vida a pedir-lhes que não gritem, mas ao ponto de alguém pensar que as espanco? De qualquer, forma aproveitei para dar o recado às miúdas: "a vizinha de cima diz que vocês gritam muito, façam o favor de gritar menos, que a senhora já não é nova e não consegue dormir."
Como é óbvio, olharam uma para a outra e desataram a correr corredor fora, em grande algazarra - soaria isto a espancamento lá em cima?

Marts disse...

Os mesu vizinhos de baixo que respeito e admiro pela paciência que têm em aturar-nos lá me foram perguntando se o Francisco brincava com pedras :) - são pecitas de lego e afins que ele gosta de fazer voar e ver aterrar, respondi...(com imenso medo que a paciência se esgote porque isolamento acústico é coisa que este prédio não tem). Nem imagino o que sentiria se alguém me visees com a conversa da tua vizinha, Mimi.

péssima disse...

Ora mimi, deixa lá que se for pelos berros e gritos eu já matei os meus filhos milhentas vezes.
Isso é típico de quem nunca teve crianças em casa (suponho que seja o caso).
É muito bom sinal quando eles berram, gritam e nos põem malucas a arrancar os cabelos.
Acho que já contei aqui a difícil adaptação que o meu piolho teve no início deste ano lectivo.
Uma das coisas que mais me preocupou foi o facto da professora dizer que era uma criança adorável, um exemplo de comportamento.
O meu filho mais novo é-me adorável, claro, mas caramba ele é do género de andar em cima das carteiras e não parar quieto e hoje sinto-me bem mais confiante ao ouvir a nova professora a reclamar: o seu filho arrasa-me os nervos, não pára quieto, não se cala um segundo!
Desde Novembro que só obteve uma vez o cartão semanal verde. Confesso que não me importo nada.
Quanto a mimos, uhmmm, são tão lambuzados que por vezes tenho de lhes dar um berro para não me sufocarem (para além da mania de me apalparem as mamas e comentarem as comparações).

Mimi disse...

Mas porque é que os putos fazem tudo ao contrário na escola? Fazem-me passar cada vergonha!
- ah.. hoje foi bacalhau à braz... não comeram nada, pois não?
- comeram muito bem e pediram para repetir
- mmmmm... e portaram-se bem?
- lindamente, como sempre.
- ok, então até amanhã

.....

(pimba! zum! trás! bóing!)
-foi ela!
-não fui nada! foi ela!
-ela é que começou!
-não fui nada! foi ela!

......

-bleargh! o que é este nojo? é bacalhau?
-bleargh! eu não como isso, que nojo!

(suspiro e VAI TU E É SE QUERES!)

putafina disse...

Ai a disciplina...
Onde está esse manual que nos diz, por exemplo, até onde devemos fazer braço de ferro com eles?
Eu costumo sair de campo quando vejo que dali já não sai nada de bom, do género, entrar no ciclo vicioso do "não mexe" e eles mexerem. Saio com um "percebeste, que fazer isso é feio, não percebeste?"... Mesmo que não percebam! Mas evito sempre o bater (em demasia... hehe!!) ou então, desmanchar-me a rir na frente deles! O que por vezes não é fácil!
Mas há dias, como o de ontem, em que a coisa não é nada fácil!
O mais velho ficou em casa porque a professora faltou, e a mais nova, porque não era justo ir para o Infantário quando o irmão ia estar em casa!
O Francisco anda numa fase (que já dura há quase um ano!) de catalogar os dias como de sorte ou de azar.
Ontem foi um desses dias de azar, em que viu os bonecos da 2, logo a seguir ao pequeno-almoço; Às 11h00 andou de bicicleta; Às 14h00 fez um bolo e às 15h00 viu o "Polar Express", com a mãe ao lado, enquanto a irmã dormia!
O resto da tarde foi pior ainda, para ele! "Não tenho nada para fazer!" - repetia para assombro da minha inteligência e capacidade de ser mãe!
Claro, coitadinha da criança: Pintar não; ler, não; Brincar com carrinhos, também não; fazer um puzzle, "Também não é nada giro"; Brincar com a mana? "Ela é chata!"
Socorro... Fecha a boca... Não digas o que estás a pensar, mãezinha, que não é pedagógico: "Devias era estar na escola para ver o que era bom!!! Andar de bicicleta no meio do verde e aquecido pelo sol??!!! Que tal quatro paredes, uma professora, e mais de 20 putos a chatear?
Ver filmezinhos, dançar ao som de Caetano (Veloso) e lamber a espátula que misturou o bolo??!!! Que tal curtir os amigos que ainda hoje de manhã, no pulo da cama, confessaste serem poucos e que dizem que tens cara de panhonha??!
Depois de desligar o ferro de engomar que esteve a fazer vapor por mais de duas horas (que sensação... está tudo nas gavetas e nos armários!!!), apaguei as luzes e aproveitei para me desforrar na noite. DORMIR!!!
Às 00h30 ouve-se... "Mamã, colinho!"
"Olá Beatriz!!! Colinho não, fico aqui um bocadinho contigo, na TUA cama! E já agora, chora mais baixinho, que tens o mano a tentar dormir no andar de cima!"
OK, saio à socapa. São 2h30 da matina. Vergou! Venci!
6h30: "Mamã... buáááá... Colinho!"
"Que memória" - pensei! - "A mesma frase de há 4 horas!"
Estava toda molhadinha. Troca-se o pijama pelo fato de treino, que daqui a pouco já é hora de fazer Upa.
E agora? Quem é que me adormece? Sim, porque eu sei que o despertador vai tocar daqui a 20 minutos!
Realmente, às vezes, os filhos fazem os nosso dias parecerem autênticos "calvários". Mas há outros, ai os outros... Justificam a minha existência PONTO FINAL PARÁGRAFO
Desculpem o testamento!Mas isto dos filhos, vocês sabem!

Isabel Freire disse...

como diz um amigo meu, voltar para o trabalho, depois das férias, é entrar realmente de férias e acabar com a trabalheira.
:)
mas o problema é que a trabalheira nunca acaba com ou sem trabalho.

Mimi disse...

pois sabemos... um testamento é pouco para descrever a coisa.

e quando não fazem chichi na cama, acordam-nos a informar que vão à casa-de-banho, como fez hoje a leonor às 4 da matina... será possível? começam cedo, a querer companhia para ir à casa-de-banho. não fui e ela mostrou-se sinceramente ofendida com este abandono materno (e suponho que a vizinha de cima tenha ouvido mais um espancamento).