quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

Feiticeira Lua

Sempre gostei mais da noite do que do dia.
Sempre estudei melhor à noite.
Trabalho melhor à noite.


A maternidade obriga-me a viver de dia. Obriga-me a aturar o trânsito matinal. Obriga-me a ter o cérebro acordado a horas contra-natura.

Ontem trabalhei de noite. Há uma diferença entre as pessoas que trabalham de dia e as que trabalham de noite. Trabalho melhor à noite. Gosto mais das pessoas que trabalham de noite.

Eu trabalho por turnos. E depois há os que têm horário fixo. Convivo com os que trabalham de manhã, à tarde e à noite.

Há uma diferença entre as pessoas que trabalham de dia e as que trabalham de noite. Ontem trabalhei à noite. As pessoas disseram-me olá, sorridentes. Não havia ninguém stressado nem com pressa. As pessoas jantam com calma e depois voltam ao trabalho. Não comem mini-pratos ao balcão. Não têm um ar cansado.

Anseio pelo dia em que, livre da ditadura dos horários escolares, poderei voltar a viver à noite.

8 comentários:

péssima disse...

Eheheheh
Quem me conhece sabe que só consigo pensar, verdadeiramente, à noite.
Com ou sem lua.
Os meus putos entram tarde e nunca nos acordam antes da hora limite para os levar à escola. Mas claro que já passei pelas idades de acordar com as galinhas, lá para as 6:30 da manhã, actualmente não me levanto antes das nove, ocupo a manhã com saídas, entradas, cafés e acordares mentais lentos, depois à tarde trabalho produtivamente entre as 14 e as 17:30, segue-se o período pós-escola até às 22 horas e depois continuo a trabalhar, criativamente, até às quatro cinco da manhã. É uma das vantagens da profissão que escolhi, uma das vantagens de trabalhar em casa, por minha conta e risco, uma das vantagens de ter clientes fantásticos e ainda uma das vantagens de ter putos porreiros, como filhos.
É, Mimi. Como te disse, de pouca coisa me posso queixar, até sobre esta coisa dos horários.
WW quanto às saídas é só dizerem quando, estou sempre disponível (uma das vantagens de ter um marido 'educado')
: )

péssima disse...

Na realidade nunca percebi se este marido é fruto de 20 anos de educação ou se é uma defesa para não me aturar contrariada e mal disposta. Seja o que for funciona (e até já está mais comedido na 'aspiração compulsiva')

Mimi disse...

Esse marido é pura sorte e nada mais

Isabel Freire disse...

A noite tem dia a dobrar. A lua tem sol a multiplicar. À noite a minha sombra não se vê. De noite os meus passos são Mozart. Gosto de me ver ao espelho nas fachadas enquanto caminho na calada.
Gosto da noite para pensar, escrever, conversar, beber gin, ouvir música, trabalhar, bezerrar, e até gosto de passar noites sem dormir. O efeito é mágico, como os cogumelos. Depois adoro as manhãs cedinho, ou melhor, adorava, agora nem por isso. Aquela coisa de sair às 6h00, já dia, com um saco pequeno na mão para ir a qualquer lado mais longe do que o perto, é encantador.
Sempre andei a pé à noite sozinha. Aqui e em Berlim. Em Berlim saía de casa às 5h45, com o gelo no chão, andava 20 minutos, apanhava o metro, e era como se estive em qualquer parte do mundo à minha escolha. Quando estava grávida, vim uma vez sozinha do Teatro Taborda para o Alto de São João a pé, eram umas 2h30 da madrugada e tinha uma barriga de uns seis meses. Caminhei tranquila, e quando cheguei em frente ao cemitério, parei para comprar um pastel de nata na roulotte que vendia bolos aos noctívagos embriagados e outros. Oiço uma voz atrás de mim: "A menina assim não engorda", e uma risota sentida. Era um polícia que me tinha seguido desde o mercado de Sapadores, bodygard voluntário.
Nos últimos dois anos tenho estado presa na noite doméstica e faz-me muita falta o quando a noite saiu à rua.
Sim, temos de marcar o jantar, com ou sem boxe. Como queiram.

Mimi disse...

E à noite ficamos mais bonitas.

Mimi disse...

a falta de luz chega. por enquanto...

Isabel Freire disse...

:)
Falsa modéstia ou erro de ponto de vista!
Queiram pedir desculpas meninas!!!
;)

Mimi disse...

nem penses! isso é que não!