quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

Confronto individual


Três esculturas lúgubres de garotos enforcados, dependuradas de uma árvore numa praça agitada de Milão, na Itália, chocam os transeuntes desde a última quinta-feira e provocaram indignação entre políticos locais.
Mais

É o que a arte tem de bom, provocar reacções, boas, más, indignadas, contemplativas, asco ou qualquer coisa desde que não seja a indiferença.

17 comentários:

péssima disse...

O artista: Maurizio Cattelan.

Lembra-me uma notícia curiosa que li há um ou dois anos:
Um jardim público, penso que no norte da Europa, não me recordo, abriu ao público passados muitos anos de restauro com polémicas à mistura. Tinha uma série de esculturas, como qualquer jardim público deve ter, e na inauguração os convidados questionavam o nome do artista que tinha feito uma obra tão perturbante, sublime até: um corpo já decomposto enforcado numa árvore relativamente alta. Foi a peça mais falada, apreciada, contestada, criticada, elogiada da dita inauguração. No fim da festa foi retirada porque era o cadáver ‘verdadeiro’ de um funcionário das antigas obras. Os funcionários do restauro posterior julgaram ser uma das obras de arte instaladas naquele jardim, assim protegeram o corpo ‘escultura’ para que não ficasse danificado durante as obras e só o destaparam na altura da abertura.

Anónimo disse...

A arte é de facto algo que tem o poder de transmitir uma mensagem. Mas quem olha para arte também tem o poder de a descodificar da forma que a entende. São mensagens estéticas que são percebidas de diversas maneiras. Para mim esta imagem é no mínimo macabra.

péssima disse...

Se a minha faca cortasse
Se aquela parede andasse
E grito enorme se ouvisse
Duma criança ao nascer

Talvez o tempo corresse
Talvez o tempo corresse
E a tua voz me ajudasse
A cantar


Para lembrar Zeca Afonso que morreu a 24 de Fevereiro de 1987

putafina disse...

Moral da estória: Senão, ter-se-ia atirado para os carris?
Era uma piada, desculpem, áinda por cima em relação a um episódio sério.
Acho que já estou "fundida" (cuidado com as semelhanças... estou longe de me sentir assim, com "o") de tantas horas não nutridas ao computador! Por isso não resisti.
O blog das MMÁS tem sido uma balão de sobrevivência e de inspiração para esta tarde de escrita!
ARIGATÔ!

putafina disse...

Moral da estória: Senão, ter-se-ia atirado para os carris?
Era uma piada, desculpem, áinda por cima em relação a um episódio sério.
Acho que já estou "fundida" (cuidado com as semelhanças... estou longe de me sentir assim, com "o") de tantas horas não nutridas ao computador! Por isso não resisti.
O blog das MMÁS tem sido uma balão de sobrevivência e de inspiração para esta tarde de escrita!
ARIGATÔ!

putafina disse...

Oh meus deuses, estou em loop!

Isabel Freire disse...

vivi dos 4 aos 17 anos em frente a um palacete doado pelos proprietários à Misericórdia para que lá cuidassem de velhos. Nunca mais me esquecerei daquele dia a caminho da escola, não teria mais do que dez anos, com a mão a tocar pianinho nos ferros da grade do jardim palaciano, e ver a uns dois metros um homem pendurado numa corda e uma corda pendurada numa árvore e uma árvore pendurada em si própria. Fui eu que descrobri aquela nova vida despois da morte. Atenção que não sou crente nela, e o mais provável é que também aquele homem não fosse. Segundo a igreja foi para o inferno. Mas a verdade é que ele fugiu foi de lá. Pensamentos macabros...
De qualquer modo, acho que só se encontra um homem enforcado na vida. Eu já achei o meu.
De qq modo, PSSM, nada que se assemelhe à interpretação artística dos funcionários desse jardim.
Boa noite e bons sonhos!

Isabel Freire disse...

Hallo mãe galinha...
Please to meet you
VW

Mimi disse...

Troca de experiências macabras? mmmmmmm... homens enforcados não tenho, mas vi, aí com uns 5 anos, a porteira do meu prédio a matar uma ninhada de gatos recém-nascidos. Serve?

péssima disse...

Bem, que vou eu dizer...
Que sou um nadinha macabra?
Está bem, eu digo: Eu sou um nadinha macraba.
E mortos já vi alguns. Uma vez vi um que tinha um bocadinho de miolos a sair por um buraco no meio da testa, devia eu ter para aí os meus 12 anos.
Nessa mesma altura da minha vida era normal comer mioleira de cabra. Hoje em dia só como a mioleira dos coelhos, delicio-me.
:)

Mimi disse...

ok, ok... lembrei-me doutra: ainda mais pequenita e esta será provavelmente a minha primeira recordação. VI UMA GALINHA A CORRER SEM CABEÇA! JURO! Estavam a matá-la, cortaram-lhe o pescoço, mas a gaja saltou da bancada da cozinha e ainda correu uns segundos sem cabeça. Assim tipo lagartixa sem cauda, estão a ver?

Marts disse...

Eu tbm tenho a minha galinha desencabeçada e um coelhito desfolado.

Marts disse...

por favor dêem-me sorrisos! daqui a nada preciso de um grupo anónimo para expiar o peso das vossas imagens

Isabel Freire disse...

estou deliciada... continuem
:)
ainda nos contratam para redigir guiões de novelas TVI

Isabel Freire disse...

as novas... do futuro, claro!

Anónimo disse...

Quando era miúda gostava de ir ao mercado com a minha avó. Adorava ver esfolarem coelhos, a pele a sair como se de um casaco se tratasse. E vê-los todos por dentro,descascados, com as entranhas penduradas.Mas o que mais me impresionava era, logo no ínicio, os bichos serem pendurados num gancho que lhes furava a pele e a carne. Também vi galinhas sem pescoço a correr desenfreadas,mas quando descobri que o arroz de cabidela era feito com sague de galinha, nunca mais consegui comê-lo. De enforcados só ouvi histórias e conheçi uma rapariga que se enforcou com um cinto, era bonita, e tinha um filho lindo com 3 anos. Afinal até somos todas um pouco macabras!!!!não?

Isabel Freire disse...

Explicaram-me um dia, bem sentadinha no autocarro, que a avenida em que seguíamos (Spandauer Aller, Berlim) - ampla e ladeada por grandes árvores, tinha sido utilizada pelo Hitler para enforcar jovens que se esquivavam à guerra (já não me lembro, mas o serviço à pátria era obrigatório ou a partir dos 14 ou dos 15 anos). Os desertores ficavam ali pendurados nos candeeiros públicos para dissuadir outras vontades.
Muitos dos nossos pais foram enfiados dentro de barcos e aviões para ir para a guerra (o meu teve a sorte de se escapar) e para muitos o resultado foi o mesmo. Não seriam miúdos, mas eram putos, como os que foram para o Iraque, só para dar um exemplo.
Acho que vivemos numa sociedade macabra.
MMDN, eu compreendo a tua agonia com as imagens, eu quando abri o blog e a vi tb olhei duas vezes com mais atenção. De qq modo, acho que nos choca mais uma obra de arte com uns bonecos enforcados do que a verdade de muitos factos vivos.
Ainda está para nascer a pátria que eu gostaria de ver defendida pelos braços armados da minha filha.