sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

Polvo



... que sorte ... tantos tentáculos...

3 comentários:

Anónimo disse...

A minha mãe foi filha única e chegou muito fraquinha. Não gostava de comer e continuou muito fraquinha.
Então a minha avó desatou a fazer promessas, abdicando do que mais lhe custava: "deixo de pintar os olhos" - deixou; "deixo de pintar os lábios" - deixou; "deixo de cortar o cabelo" - deixou.

A criança fortaleceu e ela nunca precisou de deixar de pintar as unhas. É um dos cheiros que guardo dela - o cheiro do verniz, que ainda hoje associo a miminhos dos bons.

Nunca mais pintou os olhos, mas voltou a cortar o cabelo e a pintar os lábios. O cabelo foi a cabeleireira que a convenceu a cortar pelo menos só as pontas, caso contrário ficaria careca. Quanto aos lábios... poderá ter sido o facto da criança fraquinha lhe ter dado entretanto duas netas. A ira divina não se manifestou e além do mais é bem verdade que nunca mais pintou os olhos.

Pelo enorme sacrifício de não se ver tão bonita, já recebeu três bisnetos. Mas para que nunca se esquecesse da promessa, uma das netas nunca gostou de comer e é muito magrinha e uma das bisnetas também.

Fez-se justiça nos céus.

Isabel Freire disse...

Essa história dá-me algumas ideias. Se calhar vou deixar de... de... tomar banho não é boa ideia, cortar as unhas idem, acho que terei de pensar com calma sobre o assunto. Mas a coisa resultou, não foi?

Anónimo disse...

a minha avó gosta de acreditar que sim. eu vejo a coisa mais pelo lado literário :)