As ‘mmás’ são um espaço e um tempo para experimentação não isolada.
Uma forma de sair do armário da maternidade, com liberdade para que mães, mulheres anónimas, se exponham, se interiorizem, se lembrem, se banalizem, se encontrem, se distanciem, se analisem, se ilibem ou o que bem entenderem.
terça-feira, 14 de fevereiro de 2006
Celebração do Amor
“Cegos, surdos, mudos - felizes! - são os namorados, enquanto namorados. Antes, depois são gente como a gente, no pedestre dia-a-dia”. Drumond de Andrade
Eu tinha uma folha A3 pintada com corações. Corações carimbo, de batata, que o meu filho mais novo me pediu para cortar, ontem à noite. Ía fotografar a dita cuja para postar aqui mas não a encontro. Estou cá desconfiada que o catraio a levou para oferecer a alguém que não eu. Ó, sinto-me traída! Memo, memo!
A MB, que já se viu disputada por dois primos, tendo ganho o que ela escolheu, agora "tem vergonha" de falar com o namorado. Mas tem a certeza de que comendo muitas ervilhas, vai crescer e deixar de ter vergonha. O suposto namorado - um ano mais velho - agora também tem vergomha de falar com ela, apesar de a ter disputado e de já terem andado às beijocas e de mão dada (tenho fotografias a comprovar, uma delícia). Mas quantas vezes já o apanhei a olhar de canto para a miúda, todo corado?
Os pais a dar beijinhos na boca, provocam nas manas umas estranhas reacções, entre pinotes, risinhos e o clássico "ai que nojo".
E o que aconteceu ao primo que perdeu a disputa? - perguntam vocês em coro. Não se deu por vencido e veio-me "pedir em namoro" a mana mais nova, na altura um bebé de fraldas com dois anos mal feitos e chucha. E o matulão de 4 anos lá a arrastava orgulhosamente pela mão, tentando dar beijos e sendo correspondido com uns valentes pontapés e guinchos.
PS - sou mesmo alienada (ainda bem!). se não fosse o teu post, não me lembrava da data - e também não costumamos comemorá-la. Ando já em stress porque a minha mãe faz anos no domingo e convém não esquecer-me (fui avisada por uma tia açoreana, que me telefonou a dizer que vem à festa)
Também não costumo comemorá-la! E é daquelas datas que tento fugir só por teimosia: Hei-de namorar um dia antes, um dia depois, mas não dia 14! Daí a citação. Mas dos infantários e das escolas chegam sempre lembranças. Que raio, data para celebrar o amor... Bem, mal não há-de fazer!
Eu cá gosto mais do dia de S. Martinho. Até porque hoje, para mim, é o dia de anos da minha mãe. Bem na realidade o dia de S. Martinho é o dia de anos da minha sobrinha, mas nessa data a jeropiga e as castanhas estão ao rubro.
ora ww, tb não sejas fundamentalista. se te apeteceu comprar o postal não é preciso auto-flagelares-te por isso. autoflagela-te antes por ficares triste por o bimbo do lado andar a informar sobre o valor da prenda que dá à noiva. Ridículo.
não sei há quanto tempo estão juntos, mas as crises de romantismo são absolutamente NECESSÁRIAS.
Importante é falar sobre o que se sente, de preferência sem ser aos berros... E ora romantizo eu, ora romantizas tu.
Nós ontem praticamente nem nos vimos: cruzámo-nos assim de passagem, enquanto eu saía para trabalhar e ele chegava. Esta semana tenho trabalhado muito à noite.
Ouvi uma do género "então até para a semana", com aquela vozinha irónica. Não resisti, voltei para trás e informei que estamos no século XXI e que é patético ouvir bocas por ir trabalhar - coisa que, aliás, me realiza. E paga contas. O gajo refilou uma coisa qualquer, que não ouvi, nem quero saber.
Estava eu no meu diminuto tempo de estúdio a montar uma peça sobre Galileu, quando toca o telemóvel.
-Olá! Onde está o fato-de-banho da Leonor? -O fato-de-banho não vai na mochila, vai vestido. E as mochilas com as coisas da piscina e do ballet já estão preparadas, à porta. -Pois, pois, claro... Mas onde está o fato-de-banho? - Se não estiver na gaveta, está na corda e se não estiver na corda, há mais fatos-de-banho na gaveta. - Não, não há. - Há sim. pelo menos o cor-de-laranja está lá. - Não está nada, que eu já fui lá ver. - Ouve: tenho a certeza de que o fato-de-banho cor-de-laranja está lá e não posso estar aqui mais tempo, que tenho que o meu tempo de estúdio está a acabar. (ouço barulho de gaveta a abrir) -olha, pois está. Não o tinha visto. -Pois está. E o outro deve estar na corda. Mais alguma coisa importantíssima? - Não, não, até logo.
Nisto olho para o lado e tinha entrado no estúdio a minha nova chefe. Tinha ouvido a conversa. Ela sim é divorciada. A natação das filhas dela é à 6ª feira e de 15 em 15 dias é o ex que vai buscar as crianças à escola para ficar com elas. Acreditam que o tipo teve a lata de lhe pedir que lhe mandasse um SMS a lembrar-lhe que deveria tirar os fatos-de-banho molhados das mochilas para não ficarem a apodrecer durante o fim-de-semana inteiro?
aiaiaiaiaiaiííí.... és mesmo preciso ter pachorra, não?
Quando cheguei a casa, já de madrugada, aninhei-me nele e ele aninhou-se em mim.
Essa capacidade fantástica, extraordinária até, de não ver o que está mesmo à frente é uma constante cá em casa. Ainda hoje uma escova de cabelo ganhou forças superiores, mudou-se para a gaveta do lado e o caos instalou-se. Continuo a achar que são informações genéticas entranhadas na espécie homem.
9 comentários:
Eu tinha uma folha A3 pintada com corações. Corações carimbo, de batata, que o meu filho mais novo me pediu para cortar, ontem à noite. Ía fotografar a dita cuja para postar aqui mas não a encontro. Estou cá desconfiada que o catraio a levou para oferecer a alguém que não eu.
Ó, sinto-me traída! Memo, memo!
ehehehehehehehehe!
A MB, que já se viu disputada por dois primos, tendo ganho o que ela escolheu, agora "tem vergonha" de falar com o namorado. Mas tem a certeza de que comendo muitas ervilhas, vai crescer e deixar de ter vergonha.
O suposto namorado - um ano mais velho - agora também tem vergomha de falar com ela, apesar de a ter disputado e de já terem andado às beijocas e de mão dada (tenho fotografias a comprovar, uma delícia). Mas quantas vezes já o apanhei a olhar de canto para a miúda, todo corado?
Os pais a dar beijinhos na boca, provocam nas manas umas estranhas reacções, entre pinotes, risinhos e o clássico "ai que nojo".
E o que aconteceu ao primo que perdeu a disputa? - perguntam vocês em coro. Não se deu por vencido e veio-me "pedir em namoro" a mana mais nova, na altura um bebé de fraldas com dois anos mal feitos e chucha. E o matulão de 4 anos lá a arrastava orgulhosamente pela mão, tentando dar beijos e sendo correspondido com uns valentes pontapés e guinchos.
PS - sou mesmo alienada (ainda bem!). se não fosse o teu post, não me lembrava da data - e também não costumamos comemorá-la. Ando já em stress porque a minha mãe faz anos no domingo e convém não esquecer-me (fui avisada por uma tia açoreana, que me telefonou a dizer que vem à festa)
Também não costumo comemorá-la!
E é daquelas datas que tento fugir só por teimosia: Hei-de namorar um dia antes, um dia depois, mas não dia 14!
Daí a citação.
Mas dos infantários e das escolas chegam sempre lembranças.
Que raio, data para celebrar o amor...
Bem, mal não há-de fazer!
exactamente, sem tirar nem pôr
Eu cá gosto mais do dia de S. Martinho. Até porque hoje, para mim, é o dia de anos da minha mãe. Bem na realidade o dia de S. Martinho é o dia de anos da minha sobrinha, mas nessa data a jeropiga e as castanhas estão ao rubro.
ora ww, tb não sejas fundamentalista. se te apeteceu comprar o postal não é preciso auto-flagelares-te por isso. autoflagela-te antes por ficares triste por o bimbo do lado andar a informar sobre o valor da prenda que dá à noiva. Ridículo.
não sei há quanto tempo estão juntos, mas as crises de romantismo são absolutamente NECESSÁRIAS.
Importante é falar sobre o que se sente, de preferência sem ser aos berros... E ora romantizo eu, ora romantizas tu.
Nós ontem praticamente nem nos vimos: cruzámo-nos assim de passagem, enquanto eu saía para trabalhar e ele chegava. Esta semana tenho trabalhado muito à noite.
Ouvi uma do género "então até para a semana", com aquela vozinha irónica. Não resisti, voltei para trás e informei que estamos no século XXI e que é patético ouvir bocas por ir trabalhar - coisa que, aliás, me realiza. E paga contas. O gajo refilou uma coisa qualquer, que não ouvi, nem quero saber.
Estava eu no meu diminuto tempo de estúdio a montar uma peça sobre Galileu, quando toca o telemóvel.
-Olá! Onde está o fato-de-banho da Leonor?
-O fato-de-banho não vai na mochila, vai vestido. E as mochilas com as coisas da piscina e do ballet já estão preparadas, à porta.
-Pois, pois, claro... Mas onde está o fato-de-banho?
- Se não estiver na gaveta, está na corda e se não estiver na corda, há mais fatos-de-banho na gaveta.
- Não, não há.
- Há sim. pelo menos o cor-de-laranja está lá.
- Não está nada, que eu já fui lá ver.
- Ouve: tenho a certeza de que o fato-de-banho cor-de-laranja está lá e não posso estar aqui mais tempo, que tenho que o meu tempo de estúdio está a acabar.
(ouço barulho de gaveta a abrir)
-olha, pois está. Não o tinha visto.
-Pois está. E o outro deve estar na corda. Mais alguma coisa importantíssima?
- Não, não, até logo.
Nisto olho para o lado e tinha entrado no estúdio a minha nova chefe. Tinha ouvido a conversa. Ela sim é divorciada. A natação das filhas dela é à 6ª feira e de 15 em 15 dias é o ex que vai buscar as crianças à escola para ficar com elas. Acreditam que o tipo teve a lata de lhe pedir que lhe mandasse um SMS a lembrar-lhe que deveria tirar os fatos-de-banho molhados das mochilas para não ficarem a apodrecer durante o fim-de-semana inteiro?
aiaiaiaiaiaiííí.... és mesmo preciso ter pachorra, não?
Quando cheguei a casa, já de madrugada, aninhei-me nele e ele aninhou-se em mim.
:) :) :)
fatos de banho apodrecidos é uma ideia muito gótica, às tantas ainda deve haver por aí correntes e marcas interessadas.
Essa capacidade fantástica, extraordinária até, de não ver o que está mesmo à frente é uma constante cá em casa.
Ainda hoje uma escova de cabelo ganhou forças superiores, mudou-se para a gaveta do lado e o caos instalou-se.
Continuo a achar que são informações genéticas entranhadas na espécie homem.
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